Os 100 melhores livros de sempre
Quando era mais nova, sentia por vezes uma angústia enorme ao consciencializar que, por escassez de tempo, nunca poderia ler todos os livros que quisesse. A angústia foi-se dissipando, mas penso frequentemente que posso estar a deixar escapar livros importantes. E, por isso, de tempos a tempos, olho novamente para a lista de prémios Nobel ou pesquiso listas de melhores livros de sempre. Acabo, quase sempre, ligeiramente desiludida porque as listas não me agradam.
Esta lista é relativamente especial porque não é limitada em períodos ou línguas e foi preparada a partir da opinião de escritores de todo o mundo. E, numa perspectiva mais egoísta, porque contém vários autores e títulos que estariam na minha lista pessoal. Desde logo, tem vários romances de Dostoyevsky, de entre os quais “O idiota”, um dos meus livros de eleição. De entre os russos, apresenta ainda Tolstoy, Gogol e Tchékov. Não negligencia Ulisses, de James Joyce, por muitos considerado o melhor livro de todos os tempos e uma lacuna pessoal. Ainda Stendhal, Proust, Camus, entre outros franceses; Jorge Luis Borges, Gabriel Garcia Marquez; Edgar Allen Poe, Hemingway, Walt Whitman; Thomas Mann; Kafka; Shakespeare; Cervantes; Homero, Virgilio…
Sim, muitos destes nomes chamam muito a atenção. Chamam muito também a minha atenção. Mas talvez o que tornou a lista ainda mais especial, foi um nome em particular, que não costuma constar de listas assim. E esse nome é Pessoa, um dos meus poetas preferidos. A obra em causa é o Livro do Desassossego, na verdade assinado pelo semi-heterónimo Bernardo Soares, e segundo alguns, parcialmente escrito por Pessoa ortónimo. Infelizmente, nunca escrevi realmente sobre o Livro do Desassossego,
nada mais do que isto. E culpo-me.
Mas, acima de tudo, o importante é que Fernando Pessoa está na lista. Ele foi/é um escritor fantástico e vê-lo numa listas destas deixa-me regozijar de contentamento.
O reconhecimento deveria ser só uma justa consequência.