Pensamentos líquidos 91

Vices do futuro presidente norte-americano

Gostava de vos falar com mais conhecimento dos discursos feitos. Por isso vou reduzir o que escrevo a um pequeno comentário sobre as escolhas, dos candidatos democrata e republicano, Obama e McCain, dos Vice-Presidentes.

Foram escolhas lógicas, que tentam ir buscar ao Vice aquilo que o futuro presidente é acusado de não ter. Obama foi buscar um democrata conservador (Joe Biden), perto da igreja e com muita experiência internacional e mesmo “militar”. Obama ainda pôde jogar o fenómeno família “Clinton”. McCain fez o mesmo, mas em simétrico, foi buscar uma mulher (Sarah Pallin) que amenizasse o ar duro de combatente do Vietname que ele tem, mas porventura mais conservadora do que ele: também uma “mulher de fé”, contra o aborto e o casamento gay e favor das armas. Segundo o que li, é uma mulher que defende o valor da “vida” e curiosamente é a favor do porte livre de arma. Coerências.

Para mim estas duas escolhas pioraram qualquer das candidaturas, mas não nego que são aquelas que tinham que ser. Se cada um deles quer ganhar.

Não sei o que isto vai dar. Mas é das eleições mais interessantes que me lembro de viver.

PS. Há qualquer coisa de muito eloquente em Obama. E foi muito bem jogado ter discursado no aniversário do célebre discurso do sonho de Martin Luther King. Muito sinceramente, espero que seja o sonho de Obama que se torne realidade.
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Apontamentos fugazes 106

«It’s so heartbreaking, violence, when it’s in a house – like seeing the clothes in a tree after an explosion. You may be prepared to see death but not the clothes in the tree.»


Philip Roth, «The plot against America», Vintage, pp. 296

Apontamentos fugazes 105

Independentemente da opinião, algo para o Hitler pensar

«Neither was their being Jews a mishap or a misfortune or an achievement to be “proud” of. What they were was what they couldn’t get rid of – what they couldn’t even begin to want to get rid of. Their being Jews issued from their being themselves, as did their being American. It was as it was, in the nature of things, as fundamental as having arteries and veins, and they never manifested the slightest desire to change it or deny it, regardless of the consequences.»


Philip Roth, «The plot against America», Vintage, pp. 220

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Homenagens 38

Os meus ginastas “pós-Nemov” que dizem ter “falhado” nos JO

Fabian Hambuechen com o seu exercício de barra fixa



[Exercício que lhe valeu o ouro em Estugarda]

foi só 3º na barra fixa, 4º no solo, 4º nas paralelas e 7º no all-around


Marian Dragulescu num exercício já antigo de solo



foi só 4º no cavalo e 7º no solo.

Pensamentos líquidos 90

Se fosse comigo levavam um murro de profissionalismo

Parece que ontem o presidente do comité olímpico português acusou os atletas portugueses de “falta de brio e profissionalismo”. Que curioso, para ele e para os outros elementos do comité que nunca se levantaram às 5 da manhã para treinar (porque a essa hora as perninhas deles também queriam era estar na caminha), que nunca vomitaram depois de um treino, que nunca treinaram sozinhos em dias onde apetece tudo menos treinar... Uma pergunta: por acaso, eles esforçam-se também para dar aos atletas as condições ideais para um bom desempenho? Não só as infra-estruturas necessárias à prática das modalidades, mas também apoio, quer psicológico quer financeiro, porque os atletas portugueses, na sua grande maioria, não são profissionais. Ah, é talvez por isso que os acusam de falta de profissionalismo! Deve ser.

Nunca ninguém se questionou qual a modalidade, em geral, onde os portugueses atingem um melhor desempenho? Atletismo, é claro, fundo e meio-fundo. Muito simples. Porque os atletas treinam na rua e em condições paupérrimas que dão um óptimo treino!

Hoje, o velejador Gustavo Lima, que terminou em 4º, a um ponto do pódio, afirmou que nestes últimos 4 anos, se não fosse outro atleta, tinha treinado sempre sozinho. E sem apoios entenda-se. Onde ficou o projecto Pequim para ele? Talvez tenha sido o vento que o levou.

Para melhorar ainda mais há os comentários de atletas acerca da prestação de outros atletas. Eles, mais do que ninguém, deviam estar cientes do sacrifício que é ser atleta de alta competição e pensar no que se abdica em detrimento da preparação para uns Jogos Olímpicos, por exemplo. Eu não acredito que nenhum atleta vá para uns Jogos e não queira fazer o seu melhor.

Os maus resultados, na grande maioria, não têm um culpado. Ninguém mais do que o próprio atleta quer que a prestação seja a melhor. E ninguém fica mais desiludido do que o atleta se tudo corre mal. Por isso, pensem (o que eu acho nitidamente complicado para pessoas que compram o jornal com o Yannick na capa depois de 2 golos quando o Phelps vem num quadradinho pequenino no canto depois de ter ganho 8 medalhas de ouro) no que dizem e em vez de culparem os atletas, fiquem calados e abstenham-se de comentários. E acho bem melhor admitir que as pernas tivessem querido a caminha do que criticar prestações alheias.

Num país adepto de futebol como Portugal (esses “atletas” que quando têm dois joguinhos de 90 minutos na mesma semana já os misters têm de fazer rodar o plantel), ninguém me explica então porque é que eu não vi a selecção portuguesa nos jogos olímpicos? E por que é que os comentadores desportivos de outras modalidades utilizam expressões futebolísticas para os comentários? Devem ter um complexo de inferioridade qualquer!

Só mais uma coisa. O meu especial apreço aos atletas, a todos sem excepção, pelos sacrifícios que têm de fazer todos os dias pela vossa modalidade. E não dediquem a um país que não vos apoia incondicionalmente os vossos feitos. Dediquem-nos a vocês, porque ninguém o merece mais.

"Acho que a minha vida, da forma como abdico, não é recompensada."
Gustavo Lima

Xana
Maceira, 19 de Agosto de 2008


É o texto que eu gostava de ter escrito, Xana. Subscrevo tudo. Obrigada.
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Hip design 1

It’s all about the shoes

Apresento-vos Giuseppe Zanotti


PS. Não se preocupem: barra lateral devidamente actualizada.
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Homenagens 37

A todos os atletas dos JO

Em particular, alguns (na verdade, todos) que não ganharam 8 medalhas de ouro, mas que fizeram jogos fantástico ou que pela sua vida atlética o merecem ou só porque eu quero. Hoje a natação porque já não há mais provas.

O Laszlo Cseh (um estilista de eleição que só não ganha porque existe um sr. que se chama Phelps) e a Kirsty Coventry (nadadora impressionante que apesar de ter só (?!) uma medalha de ouro, mas várias de prata, já tem um historial digno de nota. Já agora o Lezak que deu as 8 medalhas ao Phelps e o Grant Hackett que já vai nos seus 3ºs JO. Ao Kitajima que baixou os 59s nos 100m bruços e também ganhou os 200m. Ao Cavic que, nos 100m mariposa, deu tudo o que podia para impedir as 8 de Phelps. Ao Pieter van den Hoogenband, ao Nystrand, ao Rogan, à Marleen Veldhuis e à Therese Alshammar só porque eu quero.

E a todos os outros que me estou a esquecer.
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Homenagens 36

Natação

Hoje foi um dia para lembrar para sempre: um dia em que na natação o Phelps já igualou o record do Spitz (e provavelmente ultrapassá-lo-á amanhã) e em que o velhinho (muito velhinho para natação – 1989) record da Janet Evans foi batido pela Rebecca Adlington.

Não há outro desporto assim…
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Recomendações 29

Dane Cook


É um bocadinho hardcore.
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Apontamentos fugazes 104

Unforgettable



Call me corny, call me clichéd, but isn’t that why it is so incredible that someone so unforgettable thinks I am unforgettable too?
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Homenagens 35

Jason Lezak



PS. Eu gostava de vos mostrar a prova mesmo, mas infelizmente todos os vídeos que encontrei no youtube foram retirados devido a uma “copyright claim by a third party”.
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Homenagens 34

Em reclusão voluntária

para JO. Nem preciso de puxar a brasa à minha sardinha. Não há desporto como a natação: nas quatro finais de ontem, bateram-se dois records do mundo e um (se não estou em erro) record olímpico.
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Recomendações 28

É já amanhã que começam

e a minha irmã tem razão: os atletas não têm culpa que o Comité Olímpico tenha atribuído os Jogos a um país tão desumano. E não treinaram 4 anos para eu os castigar porque o Comité Olímpico errou.

A todos os atletas olímpicos e para-olímpicos: boa sorte! Ter-me-ão a torcer por vós.

Apontamentos fugazes 103

Insubstituível

Que contra-senso pode ser maior do que dizer que ninguém é insubstituível?
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Pensamentos líquidos 89

Sobre os adultos que entretêm os miúdos

Acontece mais quando há calor e as praias estão repletas de famílias que disputam um lugar na areia, areia, um bocado de mar… e quando as crianças querem correr indefinidamente, fazer castelos e bolinhos de areia, fazer rodar moinhos e cavar buracos até ao outro lado do mundo. Há os pais, amigos ou adultos por perto. Aqueles que supostamente estão lá para “olhar pelos miúdos”, a fazer as vontades das crianças.

Mas estarão a fazer um frete?

Atentem bem a este tipo de situação. E tomemos agora um exemplo. Suponhamos que existe uma criança que quer construir um castelo e um pai que “olha por ela”. E normalmente com que é que nos deparamos? As crianças tentam construir os castelinhos com a lógica que entendem certa, mesmo que não compreensível aos adultos. E o pai? Normalmente o pai permite o início e depois começa a pensar estrategicamente sobre o castelo. Aquela torre não pode estar ali; pede ao filho para a tirar: insiste em colocar mais um muro resistente às invasões alheias; a certa altura a criança tornou-se uma mera ajudante do trabalho arquitectónico do pai e, à excepção de algumas crianças mais rebeldes, poucas hipóteses tem para além de obedecer. E é aqui que aparece um amigo adulto da família e é aqui que o pai mente com todos os dentes que tem na boca e diz ‘eh pá, estou aqui a entreter o miúdo, senão farta-se e depois não fazemos nada dele’. E há uma conivência entre os adultos. Anuem a estas afirmações. Sabem que já mentiram assim.

Os adultos ainda por aí reprimidos com esta necessidade de brincar. For god’s sake. Brinquem e não se desculpem. Não é vergonhoso! Todos querem brincar. Por isso brinquem.
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