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Apontamentos fugazes 242

Gilgamesh

Como posso eu ficar silencioso, como posso descansar, quando Enkidu, que eu amei, se tornou pó, e também eu morrerei e me deitarei na terra?

Gilgamesh, tr. do inglês de Pedro Tamen, (Lisboa, Vega, 1999), p. 56

Apontamentos fugazes 237

Vulnerabilidades
— E tu? — perguntou o anjo, e voltei a reconhecer a sua voz severa e muito distante, — nunca quiseste morrer? Porque é que pensas nisso? 
— Penso apenas que nos resta sempre essa saída! 
— Dás assim tão pouco valor à morte? Serve apenas para fugires de ti própria? 
— Não para fugir de mim, para escapar à vida. A vida dói-me. Até um estranho me pode fazer mal. Um obstáculo tão pequeno pode precipitar-me na queda. 
Annemarie Schwarzenbach, Morte na Pérsia, Tinta da China, 2008, p. 130

Apontamentos fugazes 236

E novamente Rui Chafes

que me parece, por vezes, ter já feito todas as reflexões importantes.

19. O artista exprime o instinto espiritual da humanidade, traduz a tensão do homem em direcção ao eterno ou a uma qualquer forma de transcendência. A arte transporta em si uma nostalgia do ideal e exprime sempre a sua procura. (…) O artista, no seu movimento para o Ideal, perturba a estabilidade de uma sociedade. A sociedade aspira à estabilidade, o artista aspira ao infinito. É essa a responsabilidade do artista e o sacrifício espiritual que lhe é exigido: com a sua consciência especial e a sua rigorosa demanda da momentânea verdade absoluta, ele vê as coisas antes dos outros e oferece-as ao Mundo mesmo se, por vezes, possam parecer apenas feridas abertas e vulneráveis. A arte coloca questões e dúvidas, instaura perturbações. Ela é a consciência da memória e da estrutura emocional de um espaço. 

Rui Chafes, Entre o céu e a terra — O perfume das buganvílias, Documenta, 2014.

Apontamentos fugazes 234

Reprodução

Nem todas as coisas aspiram a isso, mas tens razão Aristóteles, essa é a maneira mais comum de aspirar ao eterno e ao divino. Só que nós, nós temos a arte.
É que essa é a função mais natural, para os seres vivos perfeitos — os não mutilados, nem de geração espontânea —, produzir um outro da mesma qualidade da sua: o animal, um animal; a planta, uma planta. Isto para que possam participar do eterno e do divino do modo que for possível; todas as coisas aspiram a isso, e tudo quanto fazem de acordo com a natureza, fazem tendo em vista isso.  
Aristóteles, Sobre a Alma, tr. Ana Maria Lóio, Lisboa, Imprensa Nacional Casa da Moeda, 2010, 415a, 25 a 415b

Apontamentos fugazes 233

Vislumbres de realidade

Wangel (observando-a): Ora pensa lá um bocado, querida. Ou… se calhar já não consegues lembrar-te de como ele era, quando esteve contigo no Bratthamer?
Ellida (reflectindo, fecha os olhos um instante): Não, muito nitidamente não consigo. Hoje não consigo. Não é estranho?
Wangel: Não, não é assim tão estranho. Apareceu-te à frente uma nova imagem, feita a partir da realidade. E esta imagem eclipsa a imagem antiga que tinhas, e por isso deixas de a poder ver.
Ellida: Achas, Wangel?
Wangel: Acho, e acho que também afasta as tuas fantasias doentias. Por isso, é bom que a realidade tenha aparecido.
Ellida: Bom! Dizes que é bom?
Wangel: Sim. Teres visto a realidade… pode bem ser a tua cura. 

Henrik Ibsen, A dama do mar em Peças Escolhidas - vol 2, Cotovia, 2008, 4º Acto, p. 194.

Apontamentos fugazes 232

E ainda arte. E ainda Rui Chafes.

Quando se prova um chá bom, não se quer voltar a beber qualquer outro. O mesmo acontece com a arte, com a poesia, com a filosofia. É difícil aguentar coisas fraquinhas. 
 
Não se pode levantar o véu de uma obra de arte, deixá-la despida. Como as pessoas não sabem ver, estão sempre à espera de referentes e palavras, para tentarem lá ver o que lhe disserem que «é». 

(…) não há arte sem pensamento, porque sem este é apenas artesanato. (…) a arte, se o é, tem de questionar, inquietar, e perturbar o mundo. Como disse, a arte é para se «ficar mal». 

Rui Chafes, Sob a Pele - conversas com Sara Antónia Matos, Documenta - Cadernos do Atelier-Museu Júlio Pomar, 2015, pp. 71, 144 e 152

Apontamentos fugazes 231

Radical fanatismo de perfeição
Defendo que o artista tem de saber criar um espaço de pureza intransigente para o seu trabalho. A arte, quando é maior do que a vida, assusta. Nesse sentido, os grandes artistas são uns monstros, com o seu radical fanatismo de perfeição (dos sentimentos, das ideias, da execução) completamente separado da «razoabilidade da vida», acima de qualquer hipótese de negociação. As pessoas costumam chamar-lhes loucos, eu não chamo…

Rui Chafes, Sob a Pele - conversas com Sara Antónia Matos, Documenta - Cadernos do Atelier-Museu Júlio Pomar, 2015, p. 62

Recomendações 87

Sapiens - A brief history of humankind


É raro encontrar um livro que combine a clareza do discurso, a audácia das teses e a destreza das palavras. Mas é ainda mais raro encontrar alguém que não se deixe enredar nos pequenos fait-divers e na micro-análise. Por isso é particularmente bem-vindo um autor como Yuval Noah Harari, um historiador que escreve como um escritor, escava como um arqueólogo, analisa como um biólogo, não se coíbe das ingressões matemáticas como um economista e questiona como um filósofo. 

Pode ser importante compreender os desenvolvimentos geo-políticos no Médio Oriente na última década, mas é quando olhamos à escala de milhões de anos que conseguimos ver outros padrões. É pelo menos quando olhamos à escala de vários milénios que conseguimos ver padrões interessantes sobre o homo sapiens. E é isso que Harari nos traz, em Sapiens, com uma habilidade conectiva difícil de igualar. Nas, cerca de, 500 páginas que compõem o livro, Harari conta-nos uma história, a história do mundo, onde faz desenrolar a História em si. 

Mas talvez mais importante do que o que nos traz é onde Harari nos leva. E leva-nos, sem indecisão, às perguntas mais críticas da actualidade. Podia deixar-vos inúmeros excertos certeiros que vos fariam pensar “claro, por que é que eu nunca fiz esta conexão antes?” ou “exactamente, como é que as pessoas não percebem que quase tudo são realidades imaginadas?”, mas escolho deixar-vos com as perguntas do devir, porque é demasiado tarde para não sentirmos o estrépito do arauto da incerteza que nos chama do futuro.
«What we should take seriously is the idea that the next stage of history will include not only technological and organisational transformation, but also fundamental transformations in human consciousness and identity. And these could be transformations so fundamental that they will call the very term ‘human’ into question. (…)

If the curtain is indeed about to drop on the Sapiens history, we members of one of its final generations should devote some time to answering one last question: what do we want to become? This question, sometimes known as the Human Enhancement question, dwarfs the debates that currently preoccupy politicians, philosophers, scholars and ordinary people. (…)
And yet the great debates of history are important because at least the first generation of these gods would be shaped by the cultural ideas of their human designers.»  
«The only thing we can try to do is influence the direction scientists are taking. But since we might soon be able to engineer our desires too, the real question facing us is not ‘What do we want to become?’, but ‘What do we want to want?’ Those who are not spooked by this question probably haven't given it enough thought.» 

Yuval Noah Harari, Sapiens, A brief history of humankind, tr. autor, coadjuvado por John Purcell e Haim Watzman, Vintage Books, 2014 (p. 463 e p. 464)

Apontamentos fugazes 230

A permanência

A peste, é preciso dizê-lo, tirara a todos o poder do amor e até o da amizade. Porque o amor exige um pouco de futuro e, para nós, já não havia senão instantes. 

Albert Camus, A Peste, 1ª ed., Livros do Brasil, 2016, p. 156

Apontamentos fugazes 223

Ecos

«A vida era uma corrida constante, cheia de deveres. Todas as relações eram difíceis, forçadas. Não tinha – ou julgava não ter – um momento para retomar o fôlego; nunca um instante em que não me sentisse culpado por alguma coisa que devia ter feito. Quando me levantava de manhã parecia-me ter o fardo do mundo às costas. (…)
A depressão transforma-se num direito, quando olhamos à nossa volta e não vemos nada nem ninguém que nos inspire, quando o mundo parece resvalar para um pântano de inépcia e de tacanhez materialista. (…)
A política, mais do que qualquer outro sector da sociedade, está entregue aos medíocres, (…) Hoje, para a maioria, democracia significa ir, de quatro em quatro ou de cinco em cinco anos, pôr uma cruz num bocado de papel e eleger alguém que, justamente por ter de agradar a muitos, tem necessariamente de ser mediano, medíocre e banal como são sempre todas as maiorias. Se alguma vez existisse uma pessoa excepcional, alguém com ideias fora do comum, com um projecto que não fosse apenas o de convencer toda a gente com promessas de felicidade, essa pessoa nunca seria eleita. Jamais teria o voto da maioria.»

Tiziano Terzani, Disse-me um adivinho, 2ª ed., Tinta-da-china, 2010, pp. 359 e 360

Apontamentos fugazes 220

Não me apetece escrever um título, apetece-me colocar um smile

«Não acabará pois a obsessão do divino? Tanto rio desaguando no mesmo mar. Tanto problema levando à mesma solução. Mas eu quero que os rios se resolvam uns nos outros, que o Mundo seja nosso, que a Terra seja do homem. A palavra que nos queima a boca é uma palavra humana. As questões dos homens resolvem-se entre os homens.»

Vergílio Ferreira, Estrela Polar, 5ª ed., Quetzal, 2011, p. 63

Apontamentos fugazes 217

Camus em Vergílio

«Ser eu em ti, que um filho nos fosse a nós, que alguém nos existisse, não apenas na memória, mas na força total de sermos – tudo isto é verdade e não tem sentido nenhum. Tudo isto é verdade, porque a solidão é tão estúpida… Alucina-me o absurdo como um labirinto, como ser eu nos outros? Ser irredutível e múltiplo? Mas só assim a solidão deixaria de existir. Que me importa transmitir aos outros que dois e dois são quatro ou mesmo o que se passa no fundo de mim? O que eu queria era ser eles quando estão pensando que dois e dois são quatro. O que eu queria é que eles sentissem o que eu sinto e não o que eles sentem. O que eu queria é que eles fossem eu e eu eles, porque só assim é que a “comunicação” tem sentido. Decerto, tudo isto é absurdo – estou farto de o saber. Mas o mais absurdo é o mais humano….»

Vergílio Ferreira, Estrela Polar, 5ª ed., Quetzal, 2011, p. 34

Apontamentos fugazes 216

Perpetuação

«Ah, se tu soubesses como é preciso que eu esteja em ti, que eu não morra, que eu não morra…»

Vergílio Ferreira, Estrela Polar, 5ª ed., Quetzal, 2011, p. 38

Apontamentos fugazes 213


Mito de Sísifo

«Os deuses tinham condenado a Sísifo a empurrar sem descanso um rochedo até ao cume de uma montanha, de onde a pedra caía de novo, em consequência do seu peso. Tinham pensado, com alguma razão, que não há castigo mais terrível do que o trabalho inútil e sem esperança.
(…)
Já todos compreenderam que Sísifo é o herói absurdo. (…) O seu desprezo pelos deuses, o seu ódio à morte e a sua paixão pela vida valeram-lhe esse suplício indizível, em que o seu ser se emprega em nada terminar.
(…)
Se este mito é trágico, é porque o seu herói é consciente (…) O operário de hoje trabalha todos os dias da sua vida nas mesmas tarefas, e esse destino não é menos absurdo. Mas só é trágico nos raros momentos em que ele se torna consciente. Sísifo, proletário dos deuses, impotente e revoltado, conhece toda a extensão da sua miserável condição: é nela que ele pensa durante a sua descida. A clarividência que devia fazer o seu tormento consome ao mesmo tempo a sua vitória. Não há destino que não se transcenda pelo desprezo.»

Albert Camus, Capítulo ‘O Mito de Sísifo’, O mito de Sísifo, trad. de Urbano Tavares Rodrigues, Editora Livros do Brasil, pp. 125, 126, 127

Apontamentos fugazes 211


Crime e castigo

«Eu penso que é totalmente por acaso que os erros que já cometi não são puníveis com pena de prisão. Foram e são puníveis de outras maneiras. E penso que, ao longo de uma vida, todas as pessoas tomam decisões erradas. Algumas dessas decisões magoam outros, causam-lhes sofrimento verdadeiro. No entanto, a grande maioria desses erros não são citados pelo código penal. Na verdade, só estão citados aqueles que são concebíveis pelos espíritos práticos: os que são quantificáveis, claramente observáveis, indiscutivelmente concretos. Só é pena que a vida não seja assim: indiscutivelmente concreta.»

 José Luís Peixoto, ‘Fevereiro no estabelecimento prisional’, em «Abraço», Quetzal, p. 588

Apontamentos fugazes 209


Relativização necessária

«Quando estiveres a ponto de te preocupar com merdas, os dilemas da poesia portuguesa contemporânea, o IRS, o código do multibanco, os carros que te roubam o estacionamento, a falta de rede no telemóvel, as reuniões de condomínios, o tampo da sanita, lembra-te dos homens que puxam riquexós nas ruas de Deli. É essa a tua obrigação.
Nunca te esqueças do mundo, Zé Luís.
Podes estar descansado, Zé Luís. Eu não me esqueço.»

José Luís Peixoto, ‘Texto para mim’, em «Abraço», Quetzal, p. 565

Apontamentos fugazes 208


A voz que lê

«Quando leio, há uma voz que lê dentro de mim.
(…)
É uma voz de falar. Penso que é uma voz que não ouve. (…) Quando me fala de pessoas e coisas verdadeiras, volto atrás. Pára em frases e repete-as porque quer que eu as entenda completamente. Eu, que não sei se entendo, ouço-a, admirado com as palavras. Não foram poucas as vezes que a voz que ouço quando leio me fascinou com palavras que disse. (…) Muitas vezes essa voz iluminou lugares dentro de mim: túneis que não conhecia. (…) Eu sei que a voz que ouço quando leio não tem medo. Eu sei que essa voz me conhece melhor do que eu me conheço a mim próprio. Diante de poemas, a voz caminha por dentro das palavras. Dentro de cada palavra: túneis de palavras reflectidas em espelhos à frente de espelhos. Avança por esses túneis de palavras multiplicadas como se desenhasse mapas dentro de cada palavra. Ao fazê-lo, avança por túneis dentro de mim e ajuda-me a desenhar um mapa de mim. Eu ouço-a. Fico a ouvi-la durante horas e tento não esquecer nada porque quero aprender a perder-me menos vezes de mim próprio.
(…)
Essa voz que ouço quando leio é parecida com a voz que ouves agora ao ler estas palavras. (…) Enquanto pensas, estas palavras são o silêncio. Eu não sei aquilo em que pensas. Eu não posso saber aquilo em que pensas. Para falar contigo, eu preciso da voz que ouves quando lês. Se queres ouvir aquilo que acabei agora de te dizer, tens de voltar atrás.
Talvez já tenhas percebido que eu não sou eu. Eu sou a própria voz que ouves quando lês. Hoje, pela primeira vez, quero falar directamente contigo. Quero dizer que existo nestas palavras. Através delas, quero apenas dizer-te que existo. Estou aqui. As palavras que te digo desde que aprendeste a ler, a ouvir-me, são o meu corpo. Eu sou todas essas palavras. Sou as palavras que deixei dentro de ti e que sabes de cor. Sou as palavras que esqueceste. Durante este tempo, disfarcei-me de muitas vozes, de muitos rostos. Sou todos eles, contigo, em ti.»

José Luís Peixoto, ‘A voz que ouço quando leio’, em «Abraço», Quetzal, pp. 149-151

Apontamento fugazes 207

Amor

«Não havia comida para bebés em Malanje e a nossa filha tornou a Portugal magra e pálida, com a cor amarelada dos brancos de Angola, ferrugenta de febre, um ano a dormir em cama de bordão de palmeira junto das nossas camas de quartel, estava a fazer uma autópsia ao ar livre por via do cheiro quando me chamaram porque desmaiaras, encontrei-te exausta numa cadeira feita de tábuas de barrica, fechei a porta, acocorei-me a chorar ao pé de ti repetindo Até ao fim do mundo, até ao fim do mundo, até ao fim do mundo, certo da certeza de que nada nos podia separar, como uma onda para a praia na tua direcção vai o meu corpo, exclamou o Neruda e era assim connosco, e é assim comigo só que não sou capaz de to dizer ou digo-to se não estás, digo-to sozinho tonto do amor que te tenho, demais nos ferimos, nos magoámos, nos tentámos matar dentro de cada um, e apesar disso, subterrânea e imensa, a onda continua e como para a praia na tua direcção o trigo do meu corpo se inclina, espigas de dedos que te buscam, tentam tocar-te, se prendem na tua pele com força de unhas, as tuas pernas estreitas apertam-me a cintura, subo a escada, bato ao trinco, entro, o colchão conhece ainda o jeito do meu sono, penduro a roupa na cadeira, como uma onda para a praia como uma onda para a praia como uma onda para a praia na tua direcção vai o meu corpo.»

«Talvez mesmo, meu amor, que compre uma tapeçaria de tigres como a do Senhor Ferreira: podes achar idiota mas preciso de qualquer coisa que me ajude a existir.»

António Lobo Antunes, «Memória de elefante», edição comemorativa 1979-2009 D. Quixote 2009, pp. 92 e 156

Apontamento fugazes 206

Names and adjectives

Katharine: l wanted to meet the man who could write a long paper with so few adjectives.

Almasy: Well, a thing is still a thing, no matter what you place in front of it.Big car, slow car, chauffeur-driven car.

Madox: Broken car.

Almasy: lt’s still a car.

Geoffrey Clifton: Not much use, though.

Katharine: Love ? Romantic love, plutonic love, filial love. Quite different things, surely.

Geoffrey Clifton: Uxoriousness. That’s my favourite kind of love. Excessive love of one’s wife.

Almasy: Now there you have me.

[From the English Patient, d. Anthony Minghella]


So, a broken car is still a car. And I say, a charming asshole is still an asshole.

Apontamentos fugazes 205

“Love is giving someone the power to destroy you...but trusting them not to.”

Desconhecido