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Apontamentos fugazes 231

Radical fanatismo de perfeição
Defendo que o artista tem de saber criar um espaço de pureza intransigente para o seu trabalho. A arte, quando é maior do que a vida, assusta. Nesse sentido, os grandes artistas são uns monstros, com o seu radical fanatismo de perfeição (dos sentimentos, das ideias, da execução) completamente separado da «razoabilidade da vida», acima de qualquer hipótese de negociação. As pessoas costumam chamar-lhes loucos, eu não chamo…

Rui Chafes, Sob a Pele - conversas com Sara Antónia Matos, Documenta - Cadernos do Atelier-Museu Júlio Pomar, 2015, p. 62

Arquitetura, artes plásticas e design 17

Fugit Amor, por Auguste Rodin

O eco que uma peça de arte reverbera em cada um de nós é variável e depende da relação genuína que se cria entre nós e a peça. Evidentemente, essa relação depende de um conjunto enorme de fatores, de entre os quais tem de se destacar as características intrínsecas da peça e nossas. Outro factor de destaque é a forma de arte em si, que pode, de algum modo, ser vista como uma das características da peça de arte. 
O impacto de uma peça de arte num indivíduo é uma temática que me interessa sobremaneira, mas hoje não é o dia para dissertar sobre ela. Hoje é dia de falar de um caso específico.
Há algumas semanas atrás, no Museu Rodin, em Paris, voltei a ser assaltada por uma sensação de compreensão tão avassaladora que me trouxe lágrimas às comportas dos olhos. Sou uma fã assumida de Rodin há muitos anos porque há uma intensidade nas suas obras que me comove, que me causa um estremecimento de verdade. Causa-me uma sentimento maior. Um tipo único de sentimento maior que só na arte consigo sentir sem receio de desilusão. 
No percurso da sua casa-museu, aparece cedo uma obra que há muito me cativa, me comove, me enternece e me faz exaltar. Chama-se “Fugit Amor” e, como muitas das suas obras, é parte das Portas do Inferno. Vi uma versão em mármore no Museu Legion of Honor em São Francisco há muitos anos atrás e teve também esse impacto magnífico. Várias outras obras na casa-museu em Paris causaram efeito semelhante, mas Fugit Amor é um bocadinho mais especial. 

Como vos dizia, o impacto de uma peça de arte num indivíduo depende de muitos fatores. Em Fugit Amor eu vejo perfeição técnica, mas vejo muito mais, vejo a qualidade efémera de um sentimento que nunca poderá ser permanente, a não ser que seja congelado na morte. Em Fugit Amor eu vejo a impossibilidade de um amor eterno e, no entanto, vejo a intensidade e a dor da sua ausência. Sim, sei que não é essa a história por detrás da sua criação para as Portas do Inferno. Mas é assim que a sinto. E isso é tudo porque em Fugit Amor vejo-me a mim.

Arquitetura, artes plásticas e design 16

Building of the year 2012, by ArchDaily

Há paisagens que podem ser lindíssimas e impressionantes e que tiveram nenhuma ou pouca intervenção do homem. Podem dizer-se naturalmente bonitas ou, na verdade, circunstancialmente bonitas. E depois há a arte, tudo aquilo que foi intencionalmente criado pelo homem para ser bonito, funcional, impressionante.
Hoje escrevo sobre uma área – arquitetura – que acabo por negligenciar nos meus textos mais frequentes. Não porque ocupe um lugar menor na minha lista de preferências, mas porque está mais distante da minha prática quotidiana.
Mas não hoje. Hoje quero mostrar-vos alguns dos edifícios mais fantásticos que foram terminados no ano passado e aproveitar para vos dizer que o ArchDailyjá distinguiu os 14 vencedores de 2012. Estes 14 vencedores, em áreas como habitação, arquitetura do desporto, institucional, religiosa ou da saúde, são verdadeiramente fantásticos e contam com uma dupla de arquitetos portugueses na área de hotéis e restaurantes: Luís Rebelo de Andrade e Diogo Aguiar, os criadores de Pedras Salgadas Eco Resort.
Mas gostava de mencionar alguns dos edifícios finalistas (é um bocadinho difícil identificar os finalistas de 2012, pelo que espero não estar a fazer referências incorretas) que não foram vencedores e que eu simplesmente adorei.
Mosteiro “Water-moon”, Taipei, Taiwan, by Artech Architects
 (c) Artech Architects 

 Centro cultural de tecnologia do espaço da EU, Vitanje, Eslovénia, Dekleca Gregoric Arhitekti + SADAR + VUGA + OFIS architects + Bevk Perovic Arhitekti

(c) OFIS architekti

Complexo de escritórios, comércio e entretenimento Galaxy Soho, Pequim, China
(c) Iwan Baan

Residência CORMAC; Corona del Mar, Califórnia, Laidlaw Schultz Architects

(c) Larry Falke

Residência H3, Atenas, Grécia, 314 Architecture studio
(c) 314 Architecture studio

Shoffice (shed+office), St. John’s Woods, London, Platform 5 architects
(c) Alan Williams Photography

Apontamentos fugazes 203

Expressionismo

A – R., o que é que vês neste quadro?
R – Desespero e solidão.
A – Sim, mas o que é que está exactamente pintado?
R – Ah, ok…. Vejo aquilo que deveria ser uma nuvem, mas na verdade me parecem lábios. Vejo uma escarpa.
A – E não vês a pessoa?
R – Oops.

Arquitectura, artes plásticas e design 15

Vampire


[Edvard Munch, Vampire, 1893]


A propósito da exposição de Munch, no Schirn, em Frankfurt.

Arquitectura, artes plásticas e design 14

Yves Saint Laurent, by Stefano Pilati


[Kate Winslet, Oscars 2009 vestida por Yves Saint Laurent]

Pensamentos líquidos 79

A sétima (?) arte

Podem não ter reparado, mas não me debruço muito sobre o cinema no blog. Não por não gostar; apesar de não ser cinéfila, a sétima (?) arte tem todo o meu apreço. Falei-vos, por vezes, da minha simpatia natural pelo cinema francês (muito por motivos de estética, julgo eu), da minha simpatia construída pelo cinema espanhol…

E tudo faz sentido. O cinema europeu é, na generalidade, muito mais “cru” do que o cinema de Hollywood. E, para mim, avaliar um filme resume-se a muito pouco (comparado com o que Hollywood considera): argumento (peso enoooorme no argumento), performance dos actores (peso muito grande), realização (peso grande) e fotografia (peso médio). Tudo o resto provoca-me largos bocejos, principalmente os efeitos especiais.

Uma vez li que o Pedro Almodóvar se considerava um artesão do cinema. É desse cinema feito à mão de que gosto. É um cinema de pessoas e palavras. De relações e de frases. De imagens e de textos.

Por isso, agora penso. Não tenho bem a certeza porque chamam sétima à arte do cinema. Esta designação tornou-se comum apenas porque, em 1911, no “Manifesto das Sete Artes” Riccioto Canudo, a denominou assim. Supostamente porque compreende todos os elementos das outras artes e o sete é o número da completude(1) (e perfeição!). Mas a simbologia do número sete é tão forte, que me pergunto… não será por acharem que é a arte perfeita?

É que se for isso, quero deixar de utilizar a designação. Não só o cinema não é mais perfeito do que qualquer outra arte, como é muito mais a composição das outras artes do que uma arte nova. Juntem argumento (literatura) à representação (teatro) à banda sonora (música) ao movimento, à direcção (coreografia), façam acrescer coisas muito pouco artísticas (como os efeitos especiais) e temos o cinema.

Por isso não sei… acho mesmo que vou ter que deixar de dizer “sétima arte” quando me refiro ao cinema.

(1) Há uma dúvida que me assola… onde é que o cinema tem “a característica” de volume/tacto que vem da escultura? É que não me faz sentido. Nem sequer a da pintura. Vejo muito pouco de artes plásticas no cinema.

PS. Para não acharem que me estou a armar em intelectualoide elitista, posto a seguir a minha homenagem à diva da representação de Hollywood.
a

Arquitectura, artes plásticas e design 6

Rodin - Fugit Amor

Auguste Rodin, Fugit Amor (detalhe), 1887, mármore

Arquictetura, artes plasticas e design 5

Pollock's Summertime

Jackson Pollock, "Summertime", 1948


Não sou a maior fã de Pollock, mas nada substitui ver um quadro dele ao vivo. A vibração é imensa. Fez-me repensar a opinião.

Apontamentos fugazes 24

Sobre o tempo

Estou com uma dúvida terrível. Quanto tempo é que um fim-de-semana tem? É que tenho a sensação que este passou num mero par de horas.

E tão a propósito. Uma das coisas que se passou nesse par de horas…

Arquitectura, artes plásticas e design 4

O grande Dalí


Elefante com pirâmide, Southbank, Londres

Arquitectura, artes plásticas e design 3

Ponte Vasco da Gama

... às vezes tenho a sensação que podia passar, sem me fartar, vezes sem conta na ponte.

Arquictetura, artes plásticas e design 2

Andy Warhol

... porque me lembrei que a Marilyn (ou a Norma, se preferirem) é, para mim, uma das mulheres mais bonitas de sempre.


Andy Warhol, "Marilyn Orange", 1967