Apontamentos fugazes 168

Subviversobre

Sobreviver significa, entre outros coisas mais figurativas, subsistir em condições mínimas. Aceito que significa também continuar a viver após outrem ter morrido. Mas a verdade é que sobreviver é um estado inferior de vida; é uma pré-condição a viver, ou seja, é um sub-viver, é um subviver!

Tudo isto para dizer que sobreviver se deveria escrever subviver.
a

Trivialidades 215

Como quando em criança

tinha medo de sair de casa de chinelos, agora tenho pânico de sair de uma casa de banho pública com a saia ou o vestido presos na roupa interior.
a

Apontamentos fugazes 167

Fundamentalismo religioso mascarado de simpatia

A idiotice em vídeo: aparentemente este senhor acha que a fé cristã salvará Tiger Woods. Um must see que dá simultaneamente vontade de rir e chorar.

a

Apontamentos fugazes 166

I feel the need.
a

Melhores temas de sempre 3

Invincible, Muse

Quando comecei esta “rubrica” não foi com intenção de dissertar sobre cada um dos temas.

No entanto, ouvir o Invincible traz-me lágrimas aos olhos pelo que podia ter significado e nunca foi. Da minha voz, como fou, a gritar a verdade que não pode mais ser dita: there is no one like you in the universe. A verdade partilhada e gritada em uníssono para mim também.

E culminar com a certeza impossível de conhecer um sentido: o sentido. E esse ser mais importante e verdadeiro do que tudo o resto.

I wish we could have once said that one night, together, we were invincible. I wish we had been. Perfect for each other: together. As the truth, sang in perfect harmony.



[Invincible, Muse, álbum Black Holes and Revelations]
a

Apontamentos fugazes 165

Coisas agradáveis na vida

«como pudeste imaginar que te entregava o que ganhei a roer ossos, o notário decidiu-se por fim chamando o ajudante, a quem prometi o lameiro também, para servir de testemunha e aplicou os carimbos comigo a invejá-lo porque se existem três coisas agradáveis na vida são cortar folhas pelo picotado, esmagar entre o polegar e o indicador num estalinho cujo som me exalta as bolhas de plástico com que se protegem os cálices nos caixotes e o acto de carimbar, volúpia sublime por se decompor em diversas fases, primeira humedecer o carimbo na almofada de tinta, segunda esmurrá-lo contra o papel numa energia feroz e por último a contemplação, ia escrever feliz e escrevo feliz, a contemplação feliz da obra acabada, o pedaço de carne que sobrar depois das hipotecas e das dívidas(…)»


«Que cavalos são aqueles que fazem sombra no mar», António Lobo Antunes, D. Quixote, pp. 37
a

Apontamentos fugazes 164

Alucinação de Wittgenstein

Tenho coisas para dizer. Não tenho coisas para dizer. Tenho coisas presas na minha cabeça. Não as sei libertar. Tenho coisas para dizer e desconheço a linguagem.

Tenho coisas para dizer e não as sei encontrar. Tenho frases misturadas de uma sintaxe incerta e incoerente. E elas escapam para dentro.

Não tenho coisas para dizer porque não as sei dizer.

E, no entanto, tenho coisas para dizer.
a

Melhores temas de sempre 2

Black, Pearl Jam


All the love gone bad turned my world to black [onde é que eu já vi isto?]



I know someday you’ll have a beautiful life
I know you will be a sun in somebody else’s sky

But why, why, can’t it be mine?

Apontamentos fugazes 163

Vocações falhadas

Acho que poderia ter sido uma organizadora de eventos de sucesso.
a

Recomendações 45

Ágora

Um filme muito interessante de um realizador de quem gosto.


Hypatia: “You cannot question what you believe. I must”.



Ágora de Alejandro Amenábar, trailer
a

Melhores temas de sempre 1

Creep, Radiohead

Plagiada de uma iniciativa de amigos, organizei uma colectânea das “25 melhores músicas de sempre”. Tenho-me levado à loucura da escolha porque 25 é uma selecção muito restritiva e há um conjunto reduzido de bandas que, por si, preencheriam todos os lugares. Anyway, horas e dias e semanas de re-audições de discografias inteiras: finalizei há momentos a minha escolha. E vou mostrar-vos aos bocadinhos qual é.

E só poderia começar assim. O expoente da desadequação, da beleza estética e da "verdade" artística.

I wish I was special/…/ but I’m a creep/ I’m a weirdo/ what the hell am I doing here/ I don’t belong here

I don’t care if it hurts/ I wanna have control/ I want a perfect body/ I want a perfect soul


Creep, Radiohead, Pablo honey, 1993

a