Trivialidades 85

Todos por um

Como é que se regenera este rapaz?

[Marat Safin]


Digam-me. Eu, pelo bem do ténis, ofereço os meus préstimos.


Trivialidades 84

Handling

Para quem, como eu, está habituada a enfrentar uma chegada ao destino sem bagagem, uma greve de handling é o menor dos receios.

Poemas 19

Phony

She’s falling apart,
but standing so high.
She’s crying inside.

No one to save her
from this cruel world.
A bleak shadow in her soul.

And she fights
with concealed anger.
She saves her pride with no stammer.

She suffers like hell,
but shows no regret.
She believes in her fact.

She keeps on strong,
feels her wounding pain shut.
Her truths have no but.

Her rescuer has a name,
she believes that he’ll come
with a kiss instead of a gun.

[Julho de 2001]

Apontamentos fugazes 56

Reflexões avulsas sobre atletismo

Compreendo o salto em comprimento, mas o triplo salto é totalmente aleatório… podia ser quádruplo salto, sêxtuplo, ##uplo salto.

Espero que medidor de distância nos lançamentos (dardo, peso e martelo) seja considerado profissão de alto risco.

Tenho saudades do Maurice Green e das unhas da Gail Devers. Repararam que a Marlene Ottey ainda foi às eliminatórias dos 100m?

Homenagens 15

Francis Obikwelu



Porque quando as pessoas são boas atletas, são-no quando as coisas correm bem e quando as coisas correm mal. Porque os resultados muitas vezes não reflectem o trabalho, o esforço, o talento, a qualidade. E porque gosto muito do Obikwelu.

Apontamentos fugazes 55

Às vezes acho, tenho uma sensação fugaz, que se tivesse nascido há umas décadas atrás, quando o existencialismo borbulhava de excitação, talvez tivesse sido possível…
a

Micro-teorias e falácias 3

Casamento

Todas as mulheres sonham casar.

Aconteceu-me uma noite destas e acordei em pânico.
a

Trivialidades 83

Um pequeno guilty pleasure

Programas de culinária







Poemas 18

Black, bright sky

Stars at night, such a fresh scent air,
black sky so bright, it’s an easy view to bare
with no fears and happy dream
that grow freely, an ease extreme.
Any certainty but vanishing woe
coming so secretly, fulfillment glow.
With no expectations, just a present
that I catch in some moment, pleasant.
I’m not worried, I feel glad
with any motive but beyond being sad
or some connection with no justification,
just reflected looks of strange attraction.
So I must not mind, I see
all the way I can pretend being me,
like always, with an independent face
behaving like someone I really chase.
It’s happening or is it an illusion
to cope with hope that grew in confusion?
It doesn’t matter, I now guess
‘cos I see lucid views from a mess.

[Novembro de 2001]

Pensamentos líquidos 58

Taxa de suicídio no exército norte-americano

Algumas coisas merecem reflexões com tempo. Infelizmente, aquilo que não tenho tido nas últimas semanas é tempo. De qualquer modo, num princípio de best effort, fica aqui, uma tentativa de reflexão.

Cruzei-me, há uns dias atrás, com uma notícia no NY Times, sobre a taxa de suicídio no exército norte-americano. Segundo um relatório oficial, esta taxa foi, no último ano, a mais alta desde há vinte anos atrás o que, de acordo com uma psiquiatra, consultora do exército, não está relacionada com a vida profissional destas pessoas, mas sim com a sua vida íntima. Por acaso, a maior parte destas pessoas estiveram ou estão envolvidos nas forças militares deslocadas no Afeganistão e no Iraque. Só por acaso.

Sem discutir as intervenções norte-americanas em vários conflitos armados nas últimas décadas nem discutir as motivações de alguém que decide ingressar numa força militar; parece-me que esta consequência é, no mínimo, aquilo a que eles gostam de chamar «dano colateral». Eu não consigo imaginar o que é viver num clima de guerra, não consigo imaginar o que é lidar com mortes de guerra, não consigo perceber sequer qual deve ser o sofrimento envolvido. A mim, já só me chega a revolta. A dificuldade em aceitar que pessoas provoquem, gratuitamente, tanto sofrimento a outras pessoas. Porque mesmo assumindo (estou a tomá-lo como hipótese, ok?) que estas intervenções foram justificadas, “justas”, a decisão de as fazer negligenciou (e negligencia sempre) o impacto que esta violência tem em cada pessoa.

Eu acho que, em tudo, cada pessoa é sempre o mais importante. Nunca “um povo”, nunca “um grupo social”, nunca uma “etnia”. Sempre cada pessoa. Que pode eventualmente “pertencer” a um destes grupos. Mas quando se sofre, sofre-se sozinho. E quando alguém se suicida porque não consegue, não tem, não pode, aguentar mais; quando alguém se suicida assim, suicida-se sozinho…

É curioso porque há muito pouco tempo tive uma conversa interessantíssima sobre «filmes de guerra» e falámos de dois filmes que, sendo de guerra, eram filmes de pessoas, filmes de reflexão, de análise do impacto que a guerra tem sobre cada um. Se ainda não viram e, mesmo que não gostem de filmes de guerra (como eu), aconselho-vos o “The thin red line” do Terrence Malick e o "Apocalipse Now" do Francis Ford Coppola.

Trivialidades 82

It’s been a hard week’s days

Poemas 17

Em mim

Se te pudesse ter num sítio qualquer,
onde te quereria ver?

numa paisagem idílica sem passado,
a olhar a veracidade de um quadro,
a correr a vida quase indiferente,
para que a dor te fosse ausente?
ou numa realidade concretizada
perto de tudo e a ser nada
só porque o medo que me assiste
é perene, não desiste
mesmo que seja desadequado
e me reduza indelicado
a julgar-te pela representação
em vez da tua verdadeira concepção?

Mas seriam mentiras se as criasse
as esperanças de outra face
para te ver num sítio perfeito
em que só tu fosses o eleito
para uma felicidade indiscreta,
impossível de tão concreta,
divina de tão obscena
pura concretização plena...
Quereria saber-te feliz
independentemente do que diz
a minha vontade egoísta
só em miragem minha conquista.

E ainda assim,
se te pudesse ter num sítio qualquer,
quereria, egoísta, ter-te em mim...

[Setembro de 2005]

Poemas 16

Egoísmo só

Na minha concha de narcisismo,
existo eu e pouco mais.
Angustiada, reconheço o egoísmo
de contemplar vizinhos corais.

No barco que passa por cima de mim
flutua um anzol, traiçoeiro fim.
De lodo e medo, eu vislumbro o chão
Que me puxa, ténue, suave tentação.

Só. Digo adeus ao que é feliz;
contágio provável, algo me diz.
Águas azuis de contundente dor.

Escondo. Minto. Mas procuro amor.
Vida que passa ao lado, por mim.
Concha fechada, abre por fim!

[Agosto de 2001]

Apontamentos fugazes 54

Fantasia do ó-ó

Agarro no Black Album. Sinto uma energia inebriante a correr-me nas veias. Já sei quem vem lá. Estou à espera dele. Dele! Do Sandman. Ouço aqueles acordes, as guitarras, a bateria. E já sei, não me engano.

Vou dormir.

Aconchego-me à almofada enquanto rezo, sem ninguém me falhar. Está quase. O Sandman está a chegar. Aninho-me no calor morno do edredon enquanto lá fora escurece. Agarro a sua mão, vamos para a terra onde o soninho aparece.

Sonho. Dizem-me que devo ficar alerta. Mas o Sandman está comigo. Falam-me de monstros debaixo da cama, de guerras e de perigo. Mas o Sandman protege-me. Dizem-me que há coisas na minha cabeça. E o Sandman foge, com medo de mim.

Eu durmo descansado.

Porque eu sei a canção de fazer ó-ó. Só há uma, que o James Hetfield canta só. Os Metallica chamam-me o soninho. Os monstros debaixo da cama são quem não me deixa sozinho.

Da próxima vez que adormecer um petiz, peço ajuda. Chamo o Sandman.


Dizem-me que os Metallica são “pesados”. Só que não sabem que eles escreveram as lullabies do João Pestana.

Apontamentos fugazes 53

Revelação

Descobre-se que se é adulto quando as refeições passam a ser acompanhadas por vinho tinto.

Apontamentos fugazes 52

Há dias em que…



… only pain is real

Poemas 15

Em jeito de Prelúdio

Não sei o que se passa comigo nos últimos dias, em concreto desde a última vez que postei um poema meu. Uma poema que, curiosamente, sempre achei que nunca postaria. Nesse dia, em que o escolhi, surpreendi-me várias vezes a ler com agrado o que tinha escrito. Poemas antigos. Normalmente, critico-me à exaustão e sinto-me envergonhada. Porque obviamente já não escrevo daquele modo, porque os acho mal escritos, porque, porque… Nestes dias tenho-me lido com agrado. Sei que isto deve ser muito momentâneo, talvez umas sinapses a falharem, mas vou cometer a loucura de, enquanto me estiver a ler assim, publicar mais assiduamente o que tenho escrito em verso. Sob pena de me arrepender. Mas.

Vão aparecer coisas naive, vão aparecer coisas estranhas e vão aparecer muitas coisas más. Compreendam. Isto deve ser só uma fase.


Lonjura


É tão fácil amar-te quando estás longe
e és imenso na tua perfeição
de intensidade ou ternura
nas imagens de lonjura que tenho de ti.
E tão doce o sabor que inalo
do perfume saudoso que persiste
que recordo na memória que resiste
à ferocidade do tempo que me mata.
É tão lógico o sentimento
que já não tem sentido nenhum;
adoro-te ausente num futuro comum
e deixo-te longe na proximidade dos corpos.
E nem é fácil, nem difícil, é inexorável
o caminho que já sei ir percorrer
na pérfida indiferença de esconder
a cobardia de uma alma só.

[Dezembro de 2002]

Trivialidades 80

Weeds

A 2:, à segunda-feira, sempre teve séries notáveis. Ou não estivesse eternamente associado a este dia o fabulástico “Six feet under”. Mas, de memória, lembro-me ainda dos Sopranos (que acompanhei pouco, admito) ou dos “Angels in America”. Este “Weeds” (sim, já sei que não é uma série recente, recente, recente!) segue o mesmo caminho. Muito interessante. Gosto particularmente da falta daquele puritanismo tão tipicamente norte-americano.

Digo-vos. É uma erva que bate bem.
a

Trivialidades 79

Última hora

Computador, com perda de memória, suicidou-se hoje, em Lisboa, ao saltar de um 5º andar. PJ desconfia da teoria de suicídio.

Trivialidades 78

Visual DNA

Para quem gostar de fazer testes. Afianço-vos que tem uns resultados giros.

[Via Sem Muros]

Trivialidades 77

Ciclo hotties – Monica Belluci


As únicas mulheres que não invejam a Monica Belluci, querem dormir com ela.


Poemas 14

Cigarro

Acendes um cigarro. Só assim te consigo ver.
Na tua boca, um travo, e fumas, por fim.
Mas olho nos teus olhos e não consigo ler
as frases que escreves num silêncio assim.
Nestas cores que perfumam o ambiente,
exala um cheiro de sentimento ausente.
Corro a apanhá-lo, mas está escondido
no íntimo de ti, inocente protegido.

Sinto o teu pulsar já tão perto de mim,
sou eu que fujo ou também tens medo
de não seres forte perto de uma realidade assim,
que nos toca os lábios num partilhado segredo.
Mas de noite não dormes aqui ao meu lado,
o frio é tão intenso, o sofrimento é gelado.
Quando rio contigo tudo flutua em ti,
mas a verdade agora é que não estás aqui.

Mas se soubesse que querias, amanhã estar comigo,
fugia do medo nos segundos da instantânea aparição
que de ti tivesse, como agradável castigo
para mais tarde saber que foi só ficção.
E se soubesses que queria, amanhã estar contigo,
que farias então? Correrias veloz em direcção ao perigo?
Ou ficarias triste porque só queres a minha amizade
que eu já sinto, chorosa, amarga, envolta em saudade.

[Outubro de 2001]