Cigarro
Acendes um cigarro. Só assim te consigo ver.
Na tua boca, um travo, e fumas, por fim.
Mas olho nos teus olhos e não consigo ler
as frases que escreves num silêncio assim.
Nestas cores que perfumam o ambiente,
exala um cheiro de sentimento ausente.
Corro a apanhá-lo, mas está escondido
no íntimo de ti, inocente protegido.
Sinto o teu pulsar já tão perto de mim,
sou eu que fujo ou também tens medo
de não seres forte perto de uma realidade assim,
que nos toca os lábios num partilhado segredo.
Mas de noite não dormes aqui ao meu lado,
o frio é tão intenso, o sofrimento é gelado.
Quando rio contigo tudo flutua em ti,
mas a verdade agora é que não estás aqui.
Mas se soubesse que querias, amanhã estar comigo,
fugia do medo nos segundos da instantânea aparição
que de ti tivesse, como agradável castigo
para mais tarde saber que foi só ficção.
E se soubesses que queria, amanhã estar contigo,
que farias então? Correrias veloz em direcção ao perigo?
Ou ficarias triste porque só queres a minha amizade
que eu já sinto, chorosa, amarga, envolta em saudade.
[Outubro de 2001]
Poemas 14
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Sem comentários:
Enviar um comentário