Vulnerabilidades
— E tu? — perguntou o anjo, e voltei a reconhecer a sua voz severa e muito distante, — nunca quiseste morrer? Porque é que pensas nisso?
— Penso apenas que nos resta sempre essa saída!
— Dás assim tão pouco valor à morte? Serve apenas para fugires de ti própria?
— Não para fugir de mim, para escapar à vida. A vida dói-me. Até um estranho me pode fazer mal. Um obstáculo tão pequeno pode precipitar-me na queda.
Annemarie Schwarzenbach, Morte na Pérsia, Tinta da China, 2008, p. 130