Adolescente
I
Não.
Beijemo-nos, apenas,
nesta agonia da
tarde.
Guarda –
para outro
momento,
teu viril corpo
trigueiro.
O meu desejo não
arde
e a convivência
contigo
modificou-me –
sou outro…
A névoa da noite
cai.
já mal distingo
a cor fulva
dos teus
cabelos. – És lindo!
A morte
devia ser
uma vaga
fantasia!
Dá-me o teu
braço: ‑ não ponhas
esse desmaio na
voz.
Sim,
beijemo-nos, apenas!
‑ Que mais
precisamos nós?
«Adolescente», Canções, António Botto, em Antologia de poesia portuguesa
erótica e satírica, selecção por Natália Correia, Antígona e Frenesi, 2008
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