Comunicação
E não é que Nietzsche já tinha pensado a pirâmide da compatibilidade, expressa em termos de comunicação?
Pressupondo que, desde sempre, a necessidade apenas aproximou aqueles homens que, servindo-se de sinais semelhantes, podiam indicar necessidades semelhantes e experiências semelhantes, resulta daí, em geral, que a fácil comunicabilidade da necessidade (…) deve ter sido a coisa mais poderosa entre todas as que, até ao presente, dominaram o homem. Os homens mais parecidos e mais vulgares estiveram e estão sempre em vantagem; os mais selectos, mais delicados, mais raros, mais difíceis de compreender permanecem facilmente sós, sucumbem, com o seu isolamento, aos acidentes e reproduzem-se pouco. Devemos invocar forças contrárias monstruosas para entravar este processo natural, demasiado natural (…) o avanço do homem no sentido do semelhante, do comum, do mediano, do gregário — do vulgar!
Friedrich Nietzsche, Para além do Bem e do Mal,
tr. e notas Carlos Morujão, (Lisboa, Relógio d’Água, 1999), § 268
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