Acerca da surpresa islandesa
«O mais elevado elogio que um estrangeiro fez alguma vez à Islândia teve lugar quando, no século XIX, um dinamarquês de nome Rasmus Christian Rask delcarou ter aprendido islandês “para ser capaz de pensar”».
«– Sim, na Islândia, o insucesso não acarreta um estigma. Na verdade, nós, em certa medida, até admiramos os insucessos.
(…)
Nós, os americanos, gostamos de pensar que também abraçamos o insucesso, e é verdade, até certo ponto. Gostamos de uma boa história de insucesso, desde que ela acabe com sucesso. (…) Nestas histórias, o insucesso serve meramente para adoçar o sabor do sucesso. É a entrada. Para os islandeses, no entanto, o insucesso é o prato principal.»
«Aqui está o líder da fé pagã da Islândia a dizer-me que toda a religião pode ser uma confusão mental. Isto é o mesmo que o papa dizer “Pode ser que a Bíblia seja um monte de disparates, mas pelo menos é qualquer coisa para acreditarmos.” Contudo, é isso, precisamente, o que Gilmar está a dizer. Não é aquilo em que acreditamos que nos faz felizes mas o acto de acreditar.
(…)
Ao contrário dos deuses da mitologia grega e romana, [os deuses nórdicos] raramente disputam entre si o controlo sobre os humanos ou os heróis semidivinos, nem gozam da complacência da imortalidade.»
«E, no entanto, ao longo dos anos, tenho conhecido muitas pessoas como Jared, que parecem sentir-se mais em casa, mais felizes, vivendo num país que não aquele em que nasceram. Pessoas como Linda, no Butão. Ela e Jared são refugiados. Não refugiados políticos, fugindo a um regime repressivo, não refugiados económicos, atravessando a fronteira em busca de um emprego mais bem pago. São refugiados hedónicos, porque são mais felizes ali. Normalmente, os refugiados têm uma epifania, um momento de grande claridade quando constatam, para lá de qualquer dúvida, que nasceram no país errado.
(…)
Cada sociedade precisa dos seus inadaptados culturais. São essas pessoas – aqueles que são parcialmente, não totalmente, alienados da sua própria cultura – quem produz grande arte e ciência.»
«O mais elevado elogio que um estrangeiro fez alguma vez à Islândia teve lugar quando, no século XIX, um dinamarquês de nome Rasmus Christian Rask delcarou ter aprendido islandês “para ser capaz de pensar”».
«– Sim, na Islândia, o insucesso não acarreta um estigma. Na verdade, nós, em certa medida, até admiramos os insucessos.
(…)
Nós, os americanos, gostamos de pensar que também abraçamos o insucesso, e é verdade, até certo ponto. Gostamos de uma boa história de insucesso, desde que ela acabe com sucesso. (…) Nestas histórias, o insucesso serve meramente para adoçar o sabor do sucesso. É a entrada. Para os islandeses, no entanto, o insucesso é o prato principal.»
«Aqui está o líder da fé pagã da Islândia a dizer-me que toda a religião pode ser uma confusão mental. Isto é o mesmo que o papa dizer “Pode ser que a Bíblia seja um monte de disparates, mas pelo menos é qualquer coisa para acreditarmos.” Contudo, é isso, precisamente, o que Gilmar está a dizer. Não é aquilo em que acreditamos que nos faz felizes mas o acto de acreditar.
(…)
Ao contrário dos deuses da mitologia grega e romana, [os deuses nórdicos] raramente disputam entre si o controlo sobre os humanos ou os heróis semidivinos, nem gozam da complacência da imortalidade.»
«E, no entanto, ao longo dos anos, tenho conhecido muitas pessoas como Jared, que parecem sentir-se mais em casa, mais felizes, vivendo num país que não aquele em que nasceram. Pessoas como Linda, no Butão. Ela e Jared são refugiados. Não refugiados políticos, fugindo a um regime repressivo, não refugiados económicos, atravessando a fronteira em busca de um emprego mais bem pago. São refugiados hedónicos, porque são mais felizes ali. Normalmente, os refugiados têm uma epifania, um momento de grande claridade quando constatam, para lá de qualquer dúvida, que nasceram no país errado.
(…)
Cada sociedade precisa dos seus inadaptados culturais. São essas pessoas – aqueles que são parcialmente, não totalmente, alienados da sua própria cultura – quem produz grande arte e ciência.»
Eric Weiner, «A geografia da felicidade», Lua de papel, pp. 185, 192, 204, 209
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