Poemas 37

You took everything away

You showed me what I could have
And then you took it away

If only I could keep ignorant
Of all that happiness
I would be so much better
If only I could be as before

You killed me as I was
And didn’t take me as I am

You showed me a better place
That was filled with you
You left me there, locked door
To die. You left.

You showed me what I could have
And then you took it away

[2009?]

Pensamentos líquidos 104

Julgamento do mentor dos atentados de 11 de Setembro

O julgamento do mentor dos atentados do 11 de Setembro será civil, em Nova Iorque. Apesar de não ter argumentos jurídicos que sustentem a minha posição, sou, por princípio, contra tribunais militares. Na verdade, porque me parecem sempre um pouco à margem da lei e porque tenho a sensação que os militares gostam de achar que podem impor as suas directrizes não oficiais de gang.

Agora, independentemente da correcção dos resultados e eficiência dos sistemas judiciais, considero que é nesse campo que os réus devem ser julgados. E é por isso que a solução agora definida para este caso me parece adequada e sensata. Mas espero, acima de tudo, que seja justa.
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Homenagens 53

Kurt Cobain e a reedição de Bleach

A minha simpatia pelo Kurt Cobain vai tão para além da música quanto permanece nela. É a admiração que tenho pelos desadequados, pelos inquietos e por esses que são artistas. Por aqueles que reconhecem os erros (em si e no mundo) e sofrem por não conseguirem fazer o suficiente por aquilo em que acreditam. Por aqueles que lutam de uma maneira atabalhoada por terem sentido.

Passam agora vinte anos da edição do Bleach e o álbum vai ser reeditado, tal como um DVD com o “Live at Reading”. Há sempre uma tristeza que me trespassa quando penso nos Nirvana, no Kurt. E, no entanto, é nestas alturas, ou quando os revisito e ouço, que me lembro e penso novamente: só espero, só posso esperar, que tenha sido ela a abdicar de continuar. Porque isso já é ter algum sentido.

Há uma crítica, a este propósito, no Y. Crítica sobre o mito “Kurt”, que apesar de não partilhar, considero ser de algum interesse ler.
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Recomendações 44

Um concerto dos Massive Attack

Se eu não tivesse visto o concerto ontem, tentaria tudo para arranjar bilhetes para hoje.



[Massive Attack, Campo Pequeno, Lisboa, 21 de Novembro 09]
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Apontamentos fugazes 162

Já eu penso o contrário

«Não há aqui um raciocínio nem uma lógica, ama-se com as entranhas, com o nosso íntimo ser, amamos as nossas primeiras forças jovens… Compreendes alguma coisa do meu palavrório, Aliocha? – riu-se de súbito Ivan.
‑ Compreendo perfeitamente, Ivan: apetece-nos amar com as entranhas e com todo o nosso ser… disseste-o maravilhosamente e estou muito feliz por teres tanta vontade de viver – exclamou Aliocha. – Acho que toda a gente, primeiro que tudo, se deve afeiçoar à vida.
‑ Afeiçoar-se à vida mais do que ao sentido da vida?
‑ Sim, necessariamente, amá-la mais do que à lógica, e só assim se compreenderá também o seu sentido. É isso que penso desde há muito. (…)»


«Os irmãos Karamázov», Fiódor Dostoiévski, pp. 283, Editorial Presença

Apontamentos fugazes 161

Oops

O que me diriam se vos dissesse que passei um semáforo… lilás?
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Covers melhores do que o original 2

Hallelujah

Original de Leonard Cohen




Versão de Jeff Buckley

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Covers melhores do que o original 1

Prefácio

Foi um mero acaso lembrar-me de iniciar este ciclo – “
covers melhores do que o original”. Aconteceu porque não estava a conseguir adequar nenhuma das minhas etiquetas (pensamentos líquidos, apontamentos fugazes, homenagens, recomendações,…) a um post que queria fazer. Esse post era sobre uma canção dos Beatles recriada pelo Rufus Wainwright. E subitamente ocorreu-me que esta ideia talvez merecesse uma etiqueta própria. E foi assim. Depois, tive a certeza que não podia começar com essa versão do Rufus porque havia covers de que gostava mais. E foi assim. Que começaram os meus dilemas. Como começar? Soube que não conseguia escolher entre duas. Portanto aqui vai. Bem de seguida.


The man who sold the world

Original de David Bowie



Versão “unplugged” dos Nirvana



Sempre que vejo imagens deste unplugged penso no mesmo: este casaco de malha verde é demasiado premonitório e traz lágrimas aos olhos das pessoas.

PS. Tive que abdicar de qualidade de som e imagem para a incorporação do vídeo no blog ser permitida.
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Trivialidades 214

Marat Safin

Safin fez hoje o último jogo no circuito ATP. E isto deixa-me um bocadinho triste. E nem é por ele fazer este tipo de coisas.



Mas porque ele é talentosíssimo. O arqui-rival potencial do Federer.



[Semi-final do Australia Open, Safin - Federer]

Poemas 36

Combinação de eus


Sou mais eus do que os eus que me habitam
porque há um conjunto de combinações
que só em mim são possíveis
e todos estes que eu sou, só uma no final
tão improvável que cada mero respirar
sobreavisa-me que as mentiras que julgava viver
são as únicas verdades possíveis
para alguém que, como eu, é tantos,
mas só uma quando respira.

[Agosto de 2005]