Já eu penso o contrário
«Não há aqui um raciocínio nem uma lógica, ama-se com as entranhas, com o nosso íntimo ser, amamos as nossas primeiras forças jovens… Compreendes alguma coisa do meu palavrório, Aliocha? – riu-se de súbito Ivan.
‑ Compreendo perfeitamente, Ivan: apetece-nos amar com as entranhas e com todo o nosso ser… disseste-o maravilhosamente e estou muito feliz por teres tanta vontade de viver – exclamou Aliocha. – Acho que toda a gente, primeiro que tudo, se deve afeiçoar à vida.
‑ Afeiçoar-se à vida mais do que ao sentido da vida?
‑ Sim, necessariamente, amá-la mais do que à lógica, e só assim se compreenderá também o seu sentido. É isso que penso desde há muito. (…)»
«Os irmãos Karamázov», Fiódor Dostoiévski, pp. 283, Editorial Presença
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