Apontamentos fugazes 198

30

Como é que eu ter acabado de fazer 30 anos é tão absurdo, se 2011 menos 1981 é evidentemente igual a 30?

Covers melhores do que o original 4

Where is my mind



Original de Pixies



Versão de Placebo (aqui com Frank Black, himself)


Apontamentos fugazes 197

Reincidências



Hoje apeteceu-me muito escrever

«(...) Ai de ti e de todos que levam a vida
A querer inventar a máquina de fazer
justiça

E foi então que percebi que já o havia escrito anos antes, exactamente aqui.

Some things never change, do they?

Trivialidades 230

O ibuprofeno é uma invenção fantástica.

Recomendações 57

Um concerto dos Red Hot Chili Peppers

A minha noite de ontem!




[Californication, Festhalle, Frankfurt, October 2011]

Melhores temas de sempre 8

Lover, you should’ve come over – Jeff Buckley





Lover, you should’ve come over – live version, Grace, 1994

Trivialidades 229

My friends deliver babies, I deliver recommendations.

Recomendações 56

Another year

One of the best movies of 2010. Mike Leigh exquisitely portrays the life of a loving, happy family, contrasting with the lives of the family’s shattered friends. Their friends are just ordinary people that try to find some little solace and companionship for their grief.
And while in their twenties, this search is almost charming, free-spirited; it is utterly heartbreaking as time passes by, as they desperately hunger for something, for someone that makes some sense. Just someone to talk to… And no one comes. And all there is, is solitude, hidden behind whatever may bring some relief or forgetfulness.

Life is not always kind, is it?






[Another year, Mike Leigh, 2010]

Momentos de poesia 14

I cannot live with you

I cannot live with You –
It would be Life –
And Life is over there –
Behind the Shelf

The Sexton keeps the Key to –
Putting up
Our Life – His Porcelain –
Like a Cup –

Discarded of the Housewife –
Quaint – or Broke –
A newer Sevres pleases –
Old Ones crack –

I could not die – with You –
For One must wait
To shut the Other's Gaze down –
You – could not –

And I – could I stand by
And see You – freeze –
Without my Right of Frost –
Death's privilege?

Nor could I rise – with You –
Because Your Face
Would put out Jesus' –
That New Grace

Glow plain – and foreign
On my homesick Eye –
Except that You than He
Shone closer by –

They'd judge Us – How –
For You – served Heaven – You know,
Or sought to –
I could not –

Because You saturated Sight –
And I had no more Eyes
For sordid excellence
As Paradise

And were You lost, I would be –
Though My Name
Rang loudest
On the Heavenly fame –

And were You – saved –
And I – condemned to be
Where You were not –
That self – were Hell to Me –

So We must meet apart –
You there – I – here –
With just the Door ajar
That Oceans are – and Prayer –
And that White Sustenance –
Despair –

Emily Dickinson

Apontamentos fugazes 196

Absurdo de Camus, escrito por Camus II

«”Pois bem, morrerei.” Mais cedo do que os outros, evidentemente. Mas todos sabem que a vida não vale a pena ser vivida. No fundo, não ignorava que morrer aos trinta ou aos setenta anos tanto faz, pois, em qualquer dos casos, outros homens e outras mulheres viverão, e isso durante milhares de anos. No fim de contas, isto era claro como água. Hoje ou daqui a vinte anos, era à mesma eu quem morria. Neste momento, o que me incomodava um pouco no meu raciocínio era esse frémito terrível que me percorria, ao pensar nesses vinte anos para viver. O que tinha a fazer era abafar essa sensação, imaginando o que seriam os meus pensamentos daqui a vinte anos, quando chegasse, então, à hora da morte. Desde o momento que se morre, é evidente que não importa como e quando.»

Albert Camus, «O Estrangeiro», Livros do Brasil 2006, pp. 113

Homenagens 58

“Stay hunger, stay foolish”

Um amigo enviou-me o vídeo abaixo, em jeito de homenagem a Steve Jobs. E eu achei tão justa a homenagem e tão importante ouvir o que ele diz, que decidi partilhar convosco. Nada disto é uma lição inédita, mas é importante lembrá-la quando está esquecida.





Steve Jobs, discurso em Stanford


Obrigada P.

Apontamentos fugazes 195

Absurdo de Camus, escrito por Camus I

«Mas ele interrompeu-me e exortou-me, pela última vez, olhando-me de alto e perguntando-me se eu acreditava em Deus. Respondi que não. Sentou-se indignadamente. Disse-me que era impossível, que todos os homens acreditavam em Deus, mesmo os que não O queriam ver. A convicção dele era essa e, se um dia duvidasse, a vida deixaria de ter sentido. “Quer o senhor”, exclamou, “que a minha vida deixe de ter sentido?” Eu achava que não tinha nada com isso e disse-lho. Mas, através da mesa, estendeu a imagem de Cristo e exclamou: “Eu sou cristão. Peço-Lhe perdão pelos teus pecados. Como podes não acreditar que Ele sofreu por ti?” Reparei que me estava a tratar por tu… mas estava farto. O calor apertava cada vez mais. Como sempre que me quero desembaraçar de alguém que já nem estou a ouvir, fiz menção de aprovar. Com grande surpresa minha, tomou um ar de triunfo: “Vês, vês!”, dizia ele. “Não é verdade que crês e que te vais confiar a Ele?” É claro que, uma vez mais, disse que não. Voltou a deixar-se cair na cadeira.»


Albert Camus, «O Estrangeiro», Livros do Brasil 2006, pp. 79

Apontamentos fugazes 194

Absurdo de Camus, escrito por Sartre

«O que é então o absurdo como estado de facto, como dado original? Nada menos do que a relação do homem com o mundo. O absurdo fundamental manifesta, antes de tudo, um divórcio: o divórcio entre as aspirações do homem à unidade e o dualismo intransponível do espírito e da natureza, entre o impulso do homem em direcção ao eterno e o carácter finito da sua existência, entre a “preocupação” que é a sua própria essência e a inutilidade dos seus esforços. A morte, o pluralismo irredutível das verdades e dos seres, a ininteligibilidade do real, o acaso, eis os pólos do absurdo.
(…)
A sua originalidade
[de Camus] é, a seus olhos, ir ao fim das próprias ideias: para ele não se trata, com efeito, de coleccionar máximas pessimistas. Certo é que o absurdo não está no homem, nem no mundo, se os tomamos separadamente; mas, como é o carácter essencial do homem o “estar-no-mundo”, o absurdo é, em suma, unitário com a condição humana.
(…)
Então, se sabemos recusar o socorro enganador das religiões ou das filosofias da existência, temos algumas evidências essenciais: o mundo é um caos, (…) não há amanhã, visto que se morre.
(…)
Mas não é isto somente: é uma paixão do absurdo. O homem absurdo não se suicidará: quer viver, sem abdicar de qualquer das suas certezas, sem dia seguinte, sem esperança, sem ilusões e também sem resignação. O homem absurdo afirma-se na revolta. Fixa a morte com uma atenção apaixonada e esta fascinação liberta-o: conhece a “divina disponibilidade” do condenado à morte. Tudo é permitido, visto que Deus não existe e visto que se morre. Todas as experiências são equivalentes, convém somente adquirir a maior quantidade possível delas.»


Jean-Paul Sartre, prefácio de «O Estrangeiro» de Camus, Livros do Brasil 2006, pp. 8-12

Melhores temas de sempre 7

Unfinished sympathy – Massive Attack



Unfinished sympathy, Blue Lines, 1991

Apontamentos fugazes 193

Multi-tasking

Às vezes até eu fico espantada com o número de coisas que consigo fazer simultaneamente.