Absurdo de Camus, escrito por Camus II
«”Pois bem, morrerei.” Mais cedo do que os outros, evidentemente. Mas todos sabem que a vida não vale a pena ser vivida. No fundo, não ignorava que morrer aos trinta ou aos setenta anos tanto faz, pois, em qualquer dos casos, outros homens e outras mulheres viverão, e isso durante milhares de anos. No fim de contas, isto era claro como água. Hoje ou daqui a vinte anos, era à mesma eu quem morria. Neste momento, o que me incomodava um pouco no meu raciocínio era esse frémito terrível que me percorria, ao pensar nesses vinte anos para viver. O que tinha a fazer era abafar essa sensação, imaginando o que seriam os meus pensamentos daqui a vinte anos, quando chegasse, então, à hora da morte. Desde o momento que se morre, é evidente que não importa como e quando.»
Albert Camus, «O Estrangeiro», Livros do Brasil 2006, pp. 113
«”Pois bem, morrerei.” Mais cedo do que os outros, evidentemente. Mas todos sabem que a vida não vale a pena ser vivida. No fundo, não ignorava que morrer aos trinta ou aos setenta anos tanto faz, pois, em qualquer dos casos, outros homens e outras mulheres viverão, e isso durante milhares de anos. No fim de contas, isto era claro como água. Hoje ou daqui a vinte anos, era à mesma eu quem morria. Neste momento, o que me incomodava um pouco no meu raciocínio era esse frémito terrível que me percorria, ao pensar nesses vinte anos para viver. O que tinha a fazer era abafar essa sensação, imaginando o que seriam os meus pensamentos daqui a vinte anos, quando chegasse, então, à hora da morte. Desde o momento que se morre, é evidente que não importa como e quando.»
Albert Camus, «O Estrangeiro», Livros do Brasil 2006, pp. 113
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