Momentos de poesia 18


Soneto de amor

Não me peças palavras, nem baladas,
nem expressões, nem alma… Abre-me o seio,
deixa cair as pálpebras pesadas,
e entre os seios me apertes sem receio.

Na tua boca sob a minha, ao meio,
nossas línguas se busquem, desvairadas…
E que os meus flancos nus vibrem no enleio
das tuas pernas ágeis e delgadas.

E em duas bocas uma língua… - unidos,
nós trocamos beijos e gemidos,
sentindo o nosso sangue misturar-se…

Depois…  - Abre os teus olhos, minha amada!
Enterra-os bem nos meus; não digas nada…
Deixa a vida exprimir-se sem disfarce!

«Soneto de amor», Biografia, José Régio, em Antologia de poesia portuguesa erótica e satírica, selecção por Natália Correia, Antígona e Frenesi, 2008

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