Soneto de amor
Não me peças
palavras, nem baladas,
nem expressões,
nem alma… Abre-me o seio,
deixa cair as
pálpebras pesadas,
e entre os seios
me apertes sem receio.
Na tua boca sob
a minha, ao meio,
nossas línguas
se busquem, desvairadas…
E que os meus
flancos nus vibrem no enleio
das tuas pernas
ágeis e delgadas.
E em duas bocas
uma língua… - unidos,
nós trocamos
beijos e gemidos,
sentindo o nosso
sangue misturar-se…
Depois… - Abre os teus olhos, minha amada!
Enterra-os bem
nos meus; não digas nada…
Deixa a vida
exprimir-se sem disfarce!
«Soneto de amor», Biografia, José Régio, em Antologia de poesia
portuguesa erótica e satírica, selecção por Natália Correia, Antígona e
Frenesi, 2008
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