Trivialidades 247

Uma versão de violação da privacidade

Há alguns dias, num aeroporto da União Europeia continental, fui sujeita a uma revista completa da minha mala de viagem de mão, julgo que parte de um sistema de revistas aleatórias que têm que cumprir. Um segurança, relativamente delicado, tentou explicar-me que, em março, a UE tinha introduzido novas regras, querendo dizer-me que não podia evitar a revista.
Da prática observada, já há muitos anos assumo este poder de revista por parte dos seguranças dos aeroportos. Mas nunca, até hoje, me tinham revistado a bagagem completamente, sem exceção, à minha frente. Nos Estados Unidos já me revistaram as bagagens, provavelmente mais cabalmente, com maiores consequências físicas, líquidos derramados, roupa suja, estragos. Para Londres, chegaram mesmo a destruir-me uma mala de viagem numa destas revistas. Mas hoje senti-me tão brutalmente invadida, tão exposta. Talvez porque alguém, com umas luvas grosseiras, de pouco cuidado, tocou na minha roupa interior, inspecionou os meus produtos de higiene,... tocou na minha roupa interior! Há algo de brutalmente abusivo em alguém, que não queremos, tocar a nossa roupa interior. Mesmo que com luvas grosseiras.
No final não deixei o segurança, verdadeiramente delicado, arrumar a bagagem. Não o pude impedir de mexer na minha roupa interior, mas não o ia deixar tocar-lhe mais do que o obrigatório.
Prezo muito a minha privacidade, apesar de estar disposta a abdicar de parte para aumentar o nível de segurança pública. Mas ninguém, sem culpa, devia ser obrigada a ver alguém, que não quer, tocar na sua roupa interior.

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