Uma versão de violação da privacidade
Há alguns dias, num aeroporto da União Europeia continental, fui sujeita
a uma revista completa da minha mala de viagem de mão, julgo que parte de um
sistema de revistas aleatórias que têm que cumprir. Um segurança, relativamente
delicado, tentou explicar-me que, em março, a UE tinha introduzido novas regras,
querendo dizer-me que não podia evitar a revista.
Da prática observada, já há muitos anos assumo este poder de revista por
parte dos seguranças dos aeroportos. Mas nunca, até hoje, me tinham revistado a
bagagem completamente, sem exceção, à minha frente. Nos Estados Unidos já me
revistaram as bagagens, provavelmente mais cabalmente, com maiores consequências
físicas, líquidos derramados, roupa suja, estragos. Para Londres, chegaram mesmo
a destruir-me uma mala de viagem numa destas revistas. Mas hoje senti-me tão
brutalmente invadida, tão exposta. Talvez porque alguém, com umas luvas
grosseiras, de pouco cuidado, tocou na minha roupa interior, inspecionou os
meus produtos de higiene,... tocou na minha roupa interior! Há algo de
brutalmente abusivo em alguém, que não queremos, tocar a nossa roupa interior. Mesmo
que com luvas grosseiras.
No final não deixei o segurança, verdadeiramente delicado, arrumar a
bagagem. Não o pude impedir de mexer na minha roupa interior, mas não o ia
deixar tocar-lhe mais do que o obrigatório.
Prezo muito a minha privacidade, apesar de estar disposta a abdicar de
parte para aumentar o nível de segurança pública. Mas ninguém, sem culpa, devia
ser obrigada a ver alguém, que não quer, tocar na sua roupa interior.
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