Querer morrer
«Penso que, se não tem sido a psicóloga e Alessia, me teria suicidado. Mas não me suicidei. Não tinha coragem para o fazer, e para morrer não basta desejá-lo. Tu queres morrer, mas o teu corpo empenha-se em ir em frente. O corpo queria continuar a viver, abria caminho laboriosamente em direcção à vida, o coração batia, o sangue circulava, os pulmões expandiam-se e contraíam-se, era como fazer um cruzeiro num barco de recreio, em que não tens que te preocupar com o avanço ou o funcionamento do navio porque para isso está lá a tripulação, seres anónimos da casa das máquinas que fazem com que tudo siga em frente. Mas eu sentia-me passageiro e não capitão, um capitão assustado e fechado no seu camarote quando deveria estar na ponte de comando, a dar ordens, decidindo que rumo tomar.»
«Penso que, se não tem sido a psicóloga e Alessia, me teria suicidado. Mas não me suicidei. Não tinha coragem para o fazer, e para morrer não basta desejá-lo. Tu queres morrer, mas o teu corpo empenha-se em ir em frente. O corpo queria continuar a viver, abria caminho laboriosamente em direcção à vida, o coração batia, o sangue circulava, os pulmões expandiam-se e contraíam-se, era como fazer um cruzeiro num barco de recreio, em que não tens que te preocupar com o avanço ou o funcionamento do navio porque para isso está lá a tripulação, seres anónimos da casa das máquinas que fazem com que tudo siga em frente. Mas eu sentia-me passageiro e não capitão, um capitão assustado e fechado no seu camarote quando deveria estar na ponte de comando, a dar ordens, decidindo que rumo tomar.»
Lucía Etxebarría, “Mal acompanhada” em «Uma história de amor como outra qualquer», Editorial Notícias, pg. 256
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