Incentivos à natalidade e o meu “probleminha” com o Darwin
João Miranda, neste artigo de opinião no DN, expressa aquilo que, desconfio, lhe parecerá acertado acerca da discussão dos incentivos à natalidade. Afirma existir um «(…) consenso em Portugal de que o Estado deve promover a natalidade». Desde já posso garantir que isto é mentira. Entre os (obviamente e correctamente) preocupados com a Segurança Social e as pessoas como ele, existo eu que não acho, de modo algum que o “Estado deva promover a natalidade”. O que, notem, é completamente diferente, de garantir que todas as pessoas que nascem tenham acesso inegável a cuidados de saúde ou a usufruir de educação até ao nível que desejarem, ainda que os seus progenitores, pais ou tutores não o consigam prover. Para mim isso é… indiscutível; ao jeito do véu de ignorância de Rawls, ninguém deve sofrer as consequências de coisas às quais é alheio e ninguém escolhe de quem nasce ou depende. Mas isto é tema para outro post.
Regressando ao artigo de opinião do tal investigador em biotecnologia. Ele refere «Os seres humanos são, por natureza, obcecados pelo sexo. Mas não se trata de uma obsessão fortuita. É uma consequência da selecção natural.», mas não se fica por aqui, garante que isto está ancorado numa obsessão pelo poder. E depois remata com «O poder é apenas um meio para conseguir sexo, mas não o sexo pelo sexo, mas o sexo que gera descendência.» O giro destas coisas é que podiam quase ser também ditas por fanáticos religiosos (ainda que de uma maneira “mascarada”); mas curiosamente são-nos ditas, muitas ou às vezes, por pessoas muito ligadas à biologia.
Para além de, a este tipo de argumentos, serem completamente alheios todos os motivos antropo-sociológicos, são também alheias aquelas a que eu chamaria razões individuais. Por vários motivos os seres gostam (e notem que não uso “são obcecados por”) de sexo e eu, muito sinceramente, acho que o prazer está acima de todas as outras. Porque mesmo que João Miranda argumentasse que estivesse a aplicar o seu argumento a todos os outros seres que não o Homem, continuaria a ser facílimo contrapô-lo, ou ele não se lembra que há imensos (mesmo imensos) casos documentados de animais com relações homossexuais só pela busca de prazer? Não vou sequer levar a discussão mais longe e dizer que, para além do prazer, pode haver outros factores muito individuais que o justifiquem. Porque não preciso e, bem, porque me entalaria em águas pantanosas… Mas o bottom line mantém-se. Utilizar argumentos biológicos evidentemente incompletos para justificar coisas relacionadas com os homens é muito falacioso.
Percebem agora o meu problema com o Darwin?
João Miranda, neste artigo de opinião no DN, expressa aquilo que, desconfio, lhe parecerá acertado acerca da discussão dos incentivos à natalidade. Afirma existir um «(…) consenso em Portugal de que o Estado deve promover a natalidade». Desde já posso garantir que isto é mentira. Entre os (obviamente e correctamente) preocupados com a Segurança Social e as pessoas como ele, existo eu que não acho, de modo algum que o “Estado deva promover a natalidade”. O que, notem, é completamente diferente, de garantir que todas as pessoas que nascem tenham acesso inegável a cuidados de saúde ou a usufruir de educação até ao nível que desejarem, ainda que os seus progenitores, pais ou tutores não o consigam prover. Para mim isso é… indiscutível; ao jeito do véu de ignorância de Rawls, ninguém deve sofrer as consequências de coisas às quais é alheio e ninguém escolhe de quem nasce ou depende. Mas isto é tema para outro post.
Regressando ao artigo de opinião do tal investigador em biotecnologia. Ele refere «Os seres humanos são, por natureza, obcecados pelo sexo. Mas não se trata de uma obsessão fortuita. É uma consequência da selecção natural.», mas não se fica por aqui, garante que isto está ancorado numa obsessão pelo poder. E depois remata com «O poder é apenas um meio para conseguir sexo, mas não o sexo pelo sexo, mas o sexo que gera descendência.» O giro destas coisas é que podiam quase ser também ditas por fanáticos religiosos (ainda que de uma maneira “mascarada”); mas curiosamente são-nos ditas, muitas ou às vezes, por pessoas muito ligadas à biologia.
Para além de, a este tipo de argumentos, serem completamente alheios todos os motivos antropo-sociológicos, são também alheias aquelas a que eu chamaria razões individuais. Por vários motivos os seres gostam (e notem que não uso “são obcecados por”) de sexo e eu, muito sinceramente, acho que o prazer está acima de todas as outras. Porque mesmo que João Miranda argumentasse que estivesse a aplicar o seu argumento a todos os outros seres que não o Homem, continuaria a ser facílimo contrapô-lo, ou ele não se lembra que há imensos (mesmo imensos) casos documentados de animais com relações homossexuais só pela busca de prazer? Não vou sequer levar a discussão mais longe e dizer que, para além do prazer, pode haver outros factores muito individuais que o justifiquem. Porque não preciso e, bem, porque me entalaria em águas pantanosas… Mas o bottom line mantém-se. Utilizar argumentos biológicos evidentemente incompletos para justificar coisas relacionadas com os homens é muito falacioso.
Percebem agora o meu problema com o Darwin?
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