Os pequenos chegam aonde os grandes chegam.
Digam-me isso quando eu estacionar o carro num passeio e por causa da altura do passeio deixar de conseguir fechar o porta-bagagens. Digam. Atrevam-se.
Micro-teorias e falácias 6
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Micro-teorias e falácias
Apontamentos fugazes 74
Só queria fugir de mim, mas criei uma rede tão forte de querer ser que me encarcerei.
Agora estou condenada a prisão perpétua.
Homenagens 21
Cher and Sonny – I got you babe (1965)
Cher – Shoop shoop song
Para um dia destes: dizer-vos os motivos que me fazem gostar da Cher.
Cher – Shoop shoop song
Para um dia destes: dizer-vos os motivos que me fazem gostar da Cher.
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Trivialidades 106
Título do próximo programa de comédia dos Gato Fedorento
Ramos Horta propõe Durão Barroso para Prémio Nobel da Paz
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Ramos Horta propõe Durão Barroso para Prémio Nobel da Paz
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Trivialidades
Trivialidades 105
Ciclo hunks – Eric yummy Dane
Como é que há pessoas que se manifestam contra a cirurgia plástica?
a
Como é que há pessoas que se manifestam contra a cirurgia plástica?
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Trivialidades
Poemas 23
Mal II
Fazes-me tanto mal
porque me cortas e esqueces
e depois apareces
só a dar-me um sinal.
Fazes-me tanto mal
Porque depois me recompões
sadicamente, alheadamente,
incoerentemente.
Fazes-me tanto mal
porque depois me mostras
o que não posso ter.
Fazes-me tanto mal
e eu finjo que não noto.
Fazes-me tanto mal.
[Maio de 2003]
Fazes-me tanto mal
porque me cortas e esqueces
e depois apareces
só a dar-me um sinal.
Fazes-me tanto mal
Porque depois me recompões
sadicamente, alheadamente,
incoerentemente.
Fazes-me tanto mal
porque depois me mostras
o que não posso ter.
Fazes-me tanto mal
e eu finjo que não noto.
Fazes-me tanto mal.
[Maio de 2003]
Poemas 22
Mal I
Fazes-me tanto mal.
Enterras em mim,
com pregos fundos
a necessidade de ti.
Mas eu,
estúpida ou indecente
acabo sempre por cair
nas tuas palavras dúbias.
Fazes-me tanto mal
porque escondes a sinceridade
atrás de uma capa
sem cor nem sombra.
Mas eu,
com recordações sem memória
sinto fluir o teu veneno
no meu sangue sequioso.
Fazes-me tanto mal
porque me acordas do sono
da imunidade aprendida
e depois me mandas dormir.
Mas eu,
Não sei se te encontro
ou te perco cada vez que te vejo
naquele beijo formal.
Fazes-me tanto mal,
mas eu
não sei se te quero
ou se preciso de ti.
[Maio de 2003]
Fazes-me tanto mal.
Enterras em mim,
com pregos fundos
a necessidade de ti.
Mas eu,
estúpida ou indecente
acabo sempre por cair
nas tuas palavras dúbias.
Fazes-me tanto mal
porque escondes a sinceridade
atrás de uma capa
sem cor nem sombra.
Mas eu,
com recordações sem memória
sinto fluir o teu veneno
no meu sangue sequioso.
Fazes-me tanto mal
porque me acordas do sono
da imunidade aprendida
e depois me mandas dormir.
Mas eu,
Não sei se te encontro
ou te perco cada vez que te vejo
naquele beijo formal.
Fazes-me tanto mal,
mas eu
não sei se te quero
ou se preciso de ti.
[Maio de 2003]
Trivialidades 104
Carros, mulheres, oficinas, homens
Levo o meu carro à revisão. E todos olham para mim como se eu fosse extraterrestre. A única diferença de mim para as outras pessoas que ali estão é o sexo (gender porque tive uma noite muito desinteressante).
É assim tão pouco comum uma mulher levar o carro à revisão, pôr ar nos pneus, ver o óleo e a água dos vidros (mas não saber que tem um documento único automóvel)?
Trivialidades 103
Sobre quem tem razão
Descaradamente linkado ao Major
Eu estou com o Nietzsche mas, bolas, o Sinatra também tem razão.
Contos 19
Ciclo P (revivido) - Palavras de Verlaine em jactos de tinta de Álvaro de Campos
Sabe, tenho um texto para lhe escrever. Só não sei que palavras utilizar. Rimbaud disse, um dia, a Verlaine, que antes de o conhecer tinha muito para escrever mas não sabia como: não sabia que palavras utilizar e que forma lhes dar.
Eu já defendi formas e até escolho as palavras em todas as situações, mas agora tenho um texto para lhe escrever e as palavras estão presas na minha caneta. É como uma necessidade potencial de escrita, ainda sem consubstanciação.
Há palavras que tentam escapar-se pelos meus poros e coisas dentro do meu corpo a agarrá-las. Tenho a sensação que se uma palavra saísse, sairiam todas em catadupa. E eu escreveria, à Álvaro de Campos, de pé, a uma cómoda, num jacto de palavras, durante horas.
Estou a explodir com vocábulos dentro do corpo, misturam-se, chocam, arranjam-se, re-arranjam-se, mas teimam em não sair. Por dentro, o meu corpo é composto de palavras, talvez frases, mas para a minha caneta, nenhuma escorre. Acho que lhe chamam bloqueio de escritor.
Mas sorria. Sorria outra vez. Este texto é para si. E não consigo escrevê-lo.
Sabe, tenho um texto para lhe escrever. Só não sei que palavras utilizar. Rimbaud disse, um dia, a Verlaine, que antes de o conhecer tinha muito para escrever mas não sabia como: não sabia que palavras utilizar e que forma lhes dar.
Eu já defendi formas e até escolho as palavras em todas as situações, mas agora tenho um texto para lhe escrever e as palavras estão presas na minha caneta. É como uma necessidade potencial de escrita, ainda sem consubstanciação.
Há palavras que tentam escapar-se pelos meus poros e coisas dentro do meu corpo a agarrá-las. Tenho a sensação que se uma palavra saísse, sairiam todas em catadupa. E eu escreveria, à Álvaro de Campos, de pé, a uma cómoda, num jacto de palavras, durante horas.
Estou a explodir com vocábulos dentro do corpo, misturam-se, chocam, arranjam-se, re-arranjam-se, mas teimam em não sair. Por dentro, o meu corpo é composto de palavras, talvez frases, mas para a minha caneta, nenhuma escorre. Acho que lhe chamam bloqueio de escritor.
Mas sorria. Sorria outra vez. Este texto é para si. E não consigo escrevê-lo.
[Outubro de 2007]
Arquitectura, artes plásticas e design 11
Anxiety
[Edvard Munch, 1894]
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Arquitecura Artes plásticas e Design
Trivialidades 101
Coisa mais estranha
Não quero dizer que roubaram o meu tapete da rua, mas ele… desapareceu. Como é que ele desapareceu se até eu o achava feio?
Não quero dizer que roubaram o meu tapete da rua, mas ele… desapareceu. Como é que ele desapareceu se até eu o achava feio?
a
Recomendações 21
Rufus Wainwright’s concert
Prometi um texto decente sobre o concerto do Rufus Wainwright e agora não sei se consigo cumprir. [Da última vez que comecei um texto assim, escrevi um texto brutal… mas não vos posso mostrar] Ontem tinha palavras a pulular na mente e hoje tudo parece baço, inerte. Esgotado. Ontem, o concerto do Rufus pareceu culminar um dia de mudança, pareceu ser a inversão necessária e hoje o efeito esvaeceu-se. Hoje esvaeci o efeito do concerto do Rufus. Mas do que me lembro…
I still remember how he started with that marvellous Release the Stars. Which he did. He released all those lights and shining stars. With his voice that filled the holes that had been ripped of my body. With his grandeur. Those who expected a stripped Rufus’ concert felt deceived, but I was glad. I sang all the time and everything was absolute, complete. The concert was obvious and subtle, as his songs are. I was glad because he was artistic when he sang; he was artistic when he played around, he was artistic when he laughed, he was artistic in those high heels. He is a talented showman. And those who just know his records, know little of what a performer he is. He is a hell of a performer.
Yesterday, everything was gay. Even when he said «now, let’s get sad, let’s get sad». Gay, gay, gay and even I, who had wished to stay at home with the remote on one hand and a martini on the other, was almost gay. Not because Rufus was tired of America, though. But because he did not forget Danny boy and all those things that are a little bit harmful for me. Not good enough that I don’t smoke and I don’t like chocolate milk. Because he did it. He did. He turned me on, he turned me on with bodies that healed my soul. Maybe with that Turner-lover art teacher. And then the poses, those beautiful poses, that made me think of all those who watch my head about it. Oh no, oh no, no kidding. But then, you know? He just reminded me that all those feelings flying by, all the pain and all the woe were so little when compared to what he wrote, to what he sang, to what music means to me. But anyway, nobody is off the hook.
Slideshow
«But do I love you because you treat me so indifferently? Or is it the medication? Or is it me? Do I love you because you don't want me to rub your back? Or is it the medication? Or is it you? Or is it true?»
Prometi um texto decente sobre o concerto do Rufus Wainwright e agora não sei se consigo cumprir. [Da última vez que comecei um texto assim, escrevi um texto brutal… mas não vos posso mostrar] Ontem tinha palavras a pulular na mente e hoje tudo parece baço, inerte. Esgotado. Ontem, o concerto do Rufus pareceu culminar um dia de mudança, pareceu ser a inversão necessária e hoje o efeito esvaeceu-se. Hoje esvaeci o efeito do concerto do Rufus. Mas do que me lembro…
I still remember how he started with that marvellous Release the Stars. Which he did. He released all those lights and shining stars. With his voice that filled the holes that had been ripped of my body. With his grandeur. Those who expected a stripped Rufus’ concert felt deceived, but I was glad. I sang all the time and everything was absolute, complete. The concert was obvious and subtle, as his songs are. I was glad because he was artistic when he sang; he was artistic when he played around, he was artistic when he laughed, he was artistic in those high heels. He is a talented showman. And those who just know his records, know little of what a performer he is. He is a hell of a performer.
Yesterday, everything was gay. Even when he said «now, let’s get sad, let’s get sad». Gay, gay, gay and even I, who had wished to stay at home with the remote on one hand and a martini on the other, was almost gay. Not because Rufus was tired of America, though. But because he did not forget Danny boy and all those things that are a little bit harmful for me. Not good enough that I don’t smoke and I don’t like chocolate milk. Because he did it. He did. He turned me on, he turned me on with bodies that healed my soul. Maybe with that Turner-lover art teacher. And then the poses, those beautiful poses, that made me think of all those who watch my head about it. Oh no, oh no, no kidding. But then, you know? He just reminded me that all those feelings flying by, all the pain and all the woe were so little when compared to what he wrote, to what he sang, to what music means to me. But anyway, nobody is off the hook.
Slideshow
«But do I love you because you treat me so indifferently? Or is it the medication? Or is it me? Do I love you because you don't want me to rub your back? Or is it the medication? Or is it you? Or is it true?»
a
Homenagens 19
Rufus W.
I am writing just after Rufus Wainwright’s concert tonight. And I’ve got Rufus just under my skin. I’ve got Rufus running through my veins. I’ve got Rufus singing inside my ears. And I am glad.
So glad that after such a bad time, this sweet lovely princess (his own words) has brightened my night. This princess without a throne (again, his own words)…
Honestly, prior to tonight’s show, I thought he was good. Now? Gosh, now I know this guy is amazing. It feels like licking all the sweet out of him.
Later, I will write about the concert in a more decent way. For now…
Release the stars
I am writing just after Rufus Wainwright’s concert tonight. And I’ve got Rufus just under my skin. I’ve got Rufus running through my veins. I’ve got Rufus singing inside my ears. And I am glad.
So glad that after such a bad time, this sweet lovely princess (his own words) has brightened my night. This princess without a throne (again, his own words)…
Honestly, prior to tonight’s show, I thought he was good. Now? Gosh, now I know this guy is amazing. It feels like licking all the sweet out of him.
Later, I will write about the concert in a more decent way. For now…
Release the stars
[without the showman's performance but with good sound]
Between my legs
Between my legs
[with the showman's performance]
I could keep on hearing him for days without an end.
I could keep on hearing him for days without an end.
Momentos de poesia 9
Estátua falsa
Só de ouro falso os meus olhos se douram;
Sou esfinge sem mistério no poente.
A tristeza das coisas que não foram
Na minh’alma desceu veladamente
Na minha dor quebram-se espadas de ânsia,
Gomos de luz em treva se misturam
As sombras que eu dimano não perduram,
Como Ontem, para mim, Hoje é distância.
Já não estremeço em face do segredo;
Nada me aloira já, nada me aterra:
A vida corre sobre mim em guerra,
E nem sequer um arrepio de medo!
Sou estrela ébria que perdeu os céus,
Sereia louca que deixou o mar;
Sou templo prestes a ruir sem deus
Estátua falsa ainda erguida ao ar…
[Mário se Sá Carneiro, 1913, Paris]
Só de ouro falso os meus olhos se douram;
Sou esfinge sem mistério no poente.
A tristeza das coisas que não foram
Na minh’alma desceu veladamente
Na minha dor quebram-se espadas de ânsia,
Gomos de luz em treva se misturam
As sombras que eu dimano não perduram,
Como Ontem, para mim, Hoje é distância.
Já não estremeço em face do segredo;
Nada me aloira já, nada me aterra:
A vida corre sobre mim em guerra,
E nem sequer um arrepio de medo!
Sou estrela ébria que perdeu os céus,
Sereia louca que deixou o mar;
Sou templo prestes a ruir sem deus
Estátua falsa ainda erguida ao ar…
[Mário se Sá Carneiro, 1913, Paris]
Post #382
Não costumo fazer estas coisas. Comemorar datas e assim… Mas agrada-me saber que já tive 5000 visitas ao blog. Já passou (um bocado) mais de um ano desde que comecei a escrever aqui. E ainda não me cansei. E fico contente por isso. É bom ainda haver coisas de que não me farte, coisas que não esgote em poucas golfadas de ar.
Quero que este continue a ser um espaço para respirar. Para mim e para vós.
Enquanto não me fartar.
Quero que este continue a ser um espaço para respirar. Para mim e para vós.
Enquanto não me fartar.
a
Apontamentos fugazes 71
Objecto da filosofia
«(…) às restantes ciências é dado o seu objecto, mas o objecto da filosofia como tal é exactamente o que não pode ser dado, terá que ser num sentido muito essencial o buscado, o perenemente buscado.»
«(…) ao definir a filosofia como conhecimento do Universo, entendamos um sistema integral de atitudes intelectuais no qual se organiza metodicamente a aspiração ao conhecimento absoluto. (…) É, pois, obrigação constituinte da filosofia tomar uma posição teorética, enfrentar todos os problemas, o que não quer dizer resolvê-los, mas sim demonstrar positivamente a sua insolubilidade.»
«(…) às restantes ciências é dado o seu objecto, mas o objecto da filosofia como tal é exactamente o que não pode ser dado, terá que ser num sentido muito essencial o buscado, o perenemente buscado.»
«(…) ao definir a filosofia como conhecimento do Universo, entendamos um sistema integral de atitudes intelectuais no qual se organiza metodicamente a aspiração ao conhecimento absoluto. (…) É, pois, obrigação constituinte da filosofia tomar uma posição teorética, enfrentar todos os problemas, o que não quer dizer resolvê-los, mas sim demonstrar positivamente a sua insolubilidade.»
Ortega y Gasset, «O que é a filosofia», Biblioteca Editores Independentes, pp. 48 e 49.
[negritos meus]
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Momentos de poesia 8
Escavação
Numa ânsia de ter alguma cousa,
Divago por mim mesmo a procurar,
Desço-me todo, em vão, sem nada achar
E a minh’alma perdida não repousa.
Nada tendo, decido-me a criar:
Brando a espada: sou luz harmoniosa
E chama genial que tudo ousa
Unicamente à força de sonhar…
Mas a vitória fulva esvai-se logo…
E cinzas, cinzas só, em vez de fogo…
– Onde existo que não existo em mim?
………………………………………
………………………………………
Um cemitério falso sem ossadas,
Noites d’amor sem bocas esmagadas –
Tudo outro espasmo que princípio ou fim…
[Mário de Sá Carneiro, 1913, Paris]
Numa ânsia de ter alguma cousa,
Divago por mim mesmo a procurar,
Desço-me todo, em vão, sem nada achar
E a minh’alma perdida não repousa.
Nada tendo, decido-me a criar:
Brando a espada: sou luz harmoniosa
E chama genial que tudo ousa
Unicamente à força de sonhar…
Mas a vitória fulva esvai-se logo…
E cinzas, cinzas só, em vez de fogo…
– Onde existo que não existo em mim?
………………………………………
………………………………………
Um cemitério falso sem ossadas,
Noites d’amor sem bocas esmagadas –
Tudo outro espasmo que princípio ou fim…
[Mário de Sá Carneiro, 1913, Paris]
Pensamentos líquidos 67
Sem título
Não sei se já vos falei da minha teoria da compatibilidade…provavelmente não. Mas parte da teoria assenta no conceito de cumplicidade, de partilha; assenta na sensação de similitude. Aplico a minha teoria da compatibilidade a relações de tipo íntimo, “amoroso”, mas as componentes relacionadas com a cumplicidade são aplicáveis a todo o tipo de relações. Defendo, por exemplo, que os melhores amigos são aqueles que se compreendem porque são parecidos. E defendo também que apreciamos mais os artistas com quem partilhamos mais características. E é aqui que entra o Sá Carneiro. É o meu poeta preferido. Porque o percebo. Melhor, tenho a veleidade de o perceber.
E porquê?
Porque eu conheço a angústia de Sá Carneiro e ele conheceu a minha mesmo sem saber isso. Conheceu-a porque a experimentou. Mesmo sem saber quem eu sou. Por isso, de cada vez que penso em ler Sá Carneiro sinto medo. Mas quando o leio, fico cheia de certezas. Certeza, que se escrevesse assim, largava já tudo o que não gosto e escreveria para viver (e claro, viveria miseravelmente). Certeza que as pessoas mais interessantes para mim sentem sempre uma desadequação com a maneira normal de viver. Mas acima de todas, a certeza de que mesmo com medo, mesmo com dor, há poucas coisas que façam tanto por mim como a poesia de Sá Carneiro. E como as pessoas que ma oferecem.
Obrigada.
Não sei se já vos falei da minha teoria da compatibilidade…provavelmente não. Mas parte da teoria assenta no conceito de cumplicidade, de partilha; assenta na sensação de similitude. Aplico a minha teoria da compatibilidade a relações de tipo íntimo, “amoroso”, mas as componentes relacionadas com a cumplicidade são aplicáveis a todo o tipo de relações. Defendo, por exemplo, que os melhores amigos são aqueles que se compreendem porque são parecidos. E defendo também que apreciamos mais os artistas com quem partilhamos mais características. E é aqui que entra o Sá Carneiro. É o meu poeta preferido. Porque o percebo. Melhor, tenho a veleidade de o perceber.
E porquê?
Porque eu conheço a angústia de Sá Carneiro e ele conheceu a minha mesmo sem saber isso. Conheceu-a porque a experimentou. Mesmo sem saber quem eu sou. Por isso, de cada vez que penso em ler Sá Carneiro sinto medo. Mas quando o leio, fico cheia de certezas. Certeza, que se escrevesse assim, largava já tudo o que não gosto e escreveria para viver (e claro, viveria miseravelmente). Certeza que as pessoas mais interessantes para mim sentem sempre uma desadequação com a maneira normal de viver. Mas acima de todas, a certeza de que mesmo com medo, mesmo com dor, há poucas coisas que façam tanto por mim como a poesia de Sá Carneiro. E como as pessoas que ma oferecem.
Obrigada.
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Apontamentos fugazes 70
Propose
Acho sempre que há casório à espreita quando alguém, em inglês, diz:
« I propose bla-bla-bla…»
Não é por acaso que eu digo «I suggest...».
Acho sempre que há casório à espreita quando alguém, em inglês, diz:
« I propose bla-bla-bla…»
Não é por acaso que eu digo «I suggest...».
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