Poemas 22

Mal I

Fazes-me tanto mal.
Enterras em mim,
com pregos fundos
a necessidade de ti.
Mas eu,
estúpida ou indecente
acabo sempre por cair
nas tuas palavras dúbias.
Fazes-me tanto mal
porque escondes a sinceridade
atrás de uma capa
sem cor nem sombra.
Mas eu,
com recordações sem memória
sinto fluir o teu veneno
no meu sangue sequioso.
Fazes-me tanto mal
porque me acordas do sono
da imunidade aprendida
e depois me mandas dormir.
Mas eu,
Não sei se te encontro
ou te perco cada vez que te vejo
naquele beijo formal.
Fazes-me tanto mal,
mas eu
não sei se te quero
ou se preciso de ti.

[Maio de 2003]

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