Escavação
Numa ânsia de ter alguma cousa,
Divago por mim mesmo a procurar,
Desço-me todo, em vão, sem nada achar
E a minh’alma perdida não repousa.
Nada tendo, decido-me a criar:
Brando a espada: sou luz harmoniosa
E chama genial que tudo ousa
Unicamente à força de sonhar…
Mas a vitória fulva esvai-se logo…
E cinzas, cinzas só, em vez de fogo…
– Onde existo que não existo em mim?
………………………………………
………………………………………
Um cemitério falso sem ossadas,
Noites d’amor sem bocas esmagadas –
Tudo outro espasmo que princípio ou fim…
[Mário de Sá Carneiro, 1913, Paris]
Numa ânsia de ter alguma cousa,
Divago por mim mesmo a procurar,
Desço-me todo, em vão, sem nada achar
E a minh’alma perdida não repousa.
Nada tendo, decido-me a criar:
Brando a espada: sou luz harmoniosa
E chama genial que tudo ousa
Unicamente à força de sonhar…
Mas a vitória fulva esvai-se logo…
E cinzas, cinzas só, em vez de fogo…
– Onde existo que não existo em mim?
………………………………………
………………………………………
Um cemitério falso sem ossadas,
Noites d’amor sem bocas esmagadas –
Tudo outro espasmo que princípio ou fim…
[Mário de Sá Carneiro, 1913, Paris]
Sem comentários:
Enviar um comentário