Ciclo P (revivido) - Palavras de Verlaine em jactos de tinta de Álvaro de Campos
Sabe, tenho um texto para lhe escrever. Só não sei que palavras utilizar. Rimbaud disse, um dia, a Verlaine, que antes de o conhecer tinha muito para escrever mas não sabia como: não sabia que palavras utilizar e que forma lhes dar.
Eu já defendi formas e até escolho as palavras em todas as situações, mas agora tenho um texto para lhe escrever e as palavras estão presas na minha caneta. É como uma necessidade potencial de escrita, ainda sem consubstanciação.
Há palavras que tentam escapar-se pelos meus poros e coisas dentro do meu corpo a agarrá-las. Tenho a sensação que se uma palavra saísse, sairiam todas em catadupa. E eu escreveria, à Álvaro de Campos, de pé, a uma cómoda, num jacto de palavras, durante horas.
Estou a explodir com vocábulos dentro do corpo, misturam-se, chocam, arranjam-se, re-arranjam-se, mas teimam em não sair. Por dentro, o meu corpo é composto de palavras, talvez frases, mas para a minha caneta, nenhuma escorre. Acho que lhe chamam bloqueio de escritor.
Mas sorria. Sorria outra vez. Este texto é para si. E não consigo escrevê-lo.
Sabe, tenho um texto para lhe escrever. Só não sei que palavras utilizar. Rimbaud disse, um dia, a Verlaine, que antes de o conhecer tinha muito para escrever mas não sabia como: não sabia que palavras utilizar e que forma lhes dar.
Eu já defendi formas e até escolho as palavras em todas as situações, mas agora tenho um texto para lhe escrever e as palavras estão presas na minha caneta. É como uma necessidade potencial de escrita, ainda sem consubstanciação.
Há palavras que tentam escapar-se pelos meus poros e coisas dentro do meu corpo a agarrá-las. Tenho a sensação que se uma palavra saísse, sairiam todas em catadupa. E eu escreveria, à Álvaro de Campos, de pé, a uma cómoda, num jacto de palavras, durante horas.
Estou a explodir com vocábulos dentro do corpo, misturam-se, chocam, arranjam-se, re-arranjam-se, mas teimam em não sair. Por dentro, o meu corpo é composto de palavras, talvez frases, mas para a minha caneta, nenhuma escorre. Acho que lhe chamam bloqueio de escritor.
Mas sorria. Sorria outra vez. Este texto é para si. E não consigo escrevê-lo.
[Outubro de 2007]
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