Melancholia - o filme das inevitabilidades
Vejo Melancholia como um filme de inevitabilidades, mas não como um filme de clichés. E há um grande diferença entre os dois conceitos.
Melancholia é um filme que explora sentimentos individuais, em particular, a dor e o egoísmo de uma forma brilhante. Mas que os aceita como quase inevitáveis. Há quem magoe porque quer, há quem magoe porque é egoísta, há quem magoe porque não sabe fazer melhor... Mas há sempre quem magoa. E há também quem é magoado e que acaba por magoar outros. E há a dor, sempre a dor.
E é também o filme que analisa a reacção dos indivíduos à inevitabilidade. Desde logo, à inevitabilidade de os outros esperarem algo de cada um de nós. Mas também a reacção do indivíduo à inevitabilidade de algo maior, de algo incontornável. Há aqueles que aceitam, há aqueles que desistem e há aqueles que, apesar de saberem a inevitabilidade, decidem lutar.
Mas Melancholia não é um filme para todos os dias. É que enche o ar de uma densidade que assusta. E, ainda assim, é um filme over-rated.
[Melancholia, Lars von Trier]