Um texto visceral
Sento-me a estruturar um trabalho para economia pública que pedi à professora para ser sobre “economia da cultura”. A maior parte das pessoas acha esotérico, mas ela, sem preconceitos, aceitou. Eu já sabia que tinha entrado numa bela embrulhada. Mas agora que me sento aqui a tentar escrever sobre o assunto, sei mais.
Alguns economistas que li até dizem coisas interessantes, pelo menos quando deixam a economia ser permeada por outras ciências. Outros, nem tanto. Não conseguem perceber o que está em causa. O Sr. Mas-Colell tem dificuldade em perceber a diferença de uma obra de arte, como “bem”, de um par de sapatos. Não compreende também como é que uma obra original tem um preço tão mais elevado do que uma reprodução. Acha que isso é um problema. Comecei a detectar alguma dificuldade da economia em justificar a diferença que a arte inevitavelmente carrega. E pensei, brilhantemente, que uma ajudinha da filosofia viria que nem ginjas.
Sobre a mesa, os livros de pesquisa são de Vergílio Ferreira e Sartre, as palavras de Heidegger e Duffrenne. Há qualquer coisa mal aqui. E acho que sou eu. Quando dei por mim estava em excitação. Mas não era com o meu trabalho. Era com a filosofia. E com o Vergílio Ferreira. Sempre com o Vergílio Ferreira.
Começo a ter a sensação que mais facilmente me sairia um ensaio filosófico sobre a “arte-verdade” do que uma survey sobre o motivational crowding-out dos artistas…
Apontamentos fugazes 44
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