Ciclo S - Mãos
Há qualquer coisa de errado com aquelas mãos. Talvez as unhas. Talvez só uma ligeira falta de elegância. E, no entanto. Aquelas mãos, na minha mente, tocam-me com luxúria. E eu gosto da sensação. As minhas terminações nervosas sentem com intensidade, a minha pele contrai-se e o meu corpo finge uma calma que já não tem. Mas que eu quero ter.
Mas, as mãos. Eu falava das mãos. Estão longe de serem perfeitas. Aquelas mãos, e, todavia, esqueço-me, às vezes, que trazem uma cara, um corpo, uma pessoa agarrada. Por momentos, só as mãos existem. Momentos que se prolongam mais do que se possa imaginar. É que os dedos passam a linha do meu nariz, tocam levemente a pele, descem, puxam o meu lábio inferior e deixam a minha boca exposta, os meus dentes visíveis. E é difícil fingir aquela indiferença quando os dentes estão expostos.
Mas, as mãos. Era (só) das mãos que eu falava. E dizia que a distância que as separa do arquétipo das mãos ideais é muita. Serão as nozes dos dedos que as estragam? Fecho os olhos enquanto uma das mãos me agarra o pescoço. Só uma das mãos, mas envolve todo o meu pescoço. Os meus olhos estão fechados porque mesmo que vissem, não conseguiriam ver as mãos. Que me percorrem, cada vez mais rápido, o peito, os abdominais. São essas mãos que me levantam as costas do chão e calcorreiam todos os espaços de pele disponíveis.
Mas, as mãos. As mãos de que eu queria falar. Aquelas que não são as mais bonitas. Aquelas que me tocam a pele, aquelas que me agarram o corpo. É dessas mãos que eu falo. As que sobem as minhas pernas sem indecisão, as que me pressionam a carne, os ossos. As que me excitam, agora.
Não sei com quem estou na cama. No chão. Mas tenho a certeza das mãos que me tocam.
Há qualquer coisa de errado com aquelas mãos. Talvez as unhas. Talvez só uma ligeira falta de elegância. E, no entanto. Aquelas mãos, na minha mente, tocam-me com luxúria. E eu gosto da sensação. As minhas terminações nervosas sentem com intensidade, a minha pele contrai-se e o meu corpo finge uma calma que já não tem. Mas que eu quero ter.
Mas, as mãos. Eu falava das mãos. Estão longe de serem perfeitas. Aquelas mãos, e, todavia, esqueço-me, às vezes, que trazem uma cara, um corpo, uma pessoa agarrada. Por momentos, só as mãos existem. Momentos que se prolongam mais do que se possa imaginar. É que os dedos passam a linha do meu nariz, tocam levemente a pele, descem, puxam o meu lábio inferior e deixam a minha boca exposta, os meus dentes visíveis. E é difícil fingir aquela indiferença quando os dentes estão expostos.
Mas, as mãos. Era (só) das mãos que eu falava. E dizia que a distância que as separa do arquétipo das mãos ideais é muita. Serão as nozes dos dedos que as estragam? Fecho os olhos enquanto uma das mãos me agarra o pescoço. Só uma das mãos, mas envolve todo o meu pescoço. Os meus olhos estão fechados porque mesmo que vissem, não conseguiriam ver as mãos. Que me percorrem, cada vez mais rápido, o peito, os abdominais. São essas mãos que me levantam as costas do chão e calcorreiam todos os espaços de pele disponíveis.
Mas, as mãos. As mãos de que eu queria falar. Aquelas que não são as mais bonitas. Aquelas que me tocam a pele, aquelas que me agarram o corpo. É dessas mãos que eu falo. As que sobem as minhas pernas sem indecisão, as que me pressionam a carne, os ossos. As que me excitam, agora.
Não sei com quem estou na cama. No chão. Mas tenho a certeza das mãos que me tocam.
[Outubro de 2007]
Sem comentários:
Enviar um comentário