Como é que se regenera este rapaz?
[Marat Safin]
Digam-me. Eu, pelo bem do ténis, ofereço os meus préstimos.
[Marat Safin]
Digam-me. Eu, pelo bem do ténis, ofereço os meus préstimos.
Handling
Para quem, como eu, está habituada a enfrentar uma chegada ao destino sem bagagem, uma greve de handling é o menor dos receios.
Reflexões avulsas sobre atletismo
Compreendo o salto em comprimento, mas o triplo salto é totalmente aleatório… podia ser quádruplo salto, sêxtuplo, ##uplo salto.
Espero que medidor de distância nos lançamentos (dardo, peso e martelo) seja considerado profissão de alto risco.
Tenho saudades do Maurice Green e das unhas da Gail Devers. Repararam que a Marlene Ottey ainda foi às eliminatórias dos 100m?
Francis Obikwelu
Porque quando as pessoas são boas atletas, são-no quando as coisas correm bem e quando as coisas correm mal. Porque os resultados muitas vezes não reflectem o trabalho, o esforço, o talento, a qualidade. E porque gosto muito do Obikwelu.
Black, bright sky
Stars at night, such a fresh scent air,
black sky so bright, it’s an easy view to bare
with no fears and happy dream
that grow freely, an ease extreme.
Any certainty but vanishing woe
coming so secretly, fulfillment glow.
With no expectations, just a present
that I catch in some moment, pleasant.
I’m not worried, I feel glad
with any motive but beyond being sad
or some connection with no justification,
just reflected looks of strange attraction.
So I must not mind, I see
all the way I can pretend being me,
like always, with an independent face
behaving like someone I really chase.
It’s happening or is it an illusion
to cope with hope that grew in confusion?
It doesn’t matter, I now guess
‘cos I see lucid views from a mess.
[Novembro de 2001]
Fantasia do ó-ó
Agarro no Black Album. Sinto uma energia inebriante a correr-me nas veias. Já sei quem vem lá. Estou à espera dele. Dele! Do Sandman. Ouço aqueles acordes, as guitarras, a bateria. E já sei, não me engano.
Vou dormir.
Aconchego-me à almofada enquanto rezo, sem ninguém me falhar. Está quase. O Sandman está a chegar. Aninho-me no calor morno do edredon enquanto lá fora escurece. Agarro a sua mão, vamos para a terra onde o soninho aparece.
Sonho. Dizem-me que devo ficar alerta. Mas o Sandman está comigo. Falam-me de monstros debaixo da cama, de guerras e de perigo. Mas o Sandman protege-me. Dizem-me que há coisas na minha cabeça. E o Sandman foge, com medo de mim.
Eu durmo descansado.
Porque eu sei a canção de fazer ó-ó. Só há uma, que o James Hetfield canta só. Os Metallica chamam-me o soninho. Os monstros debaixo da cama são quem não me deixa sozinho.
Da próxima vez que adormecer um petiz, peço ajuda. Chamo o Sandman.
Dizem-me que os Metallica são “pesados”. Só que não sabem que eles escreveram as lullabies do João Pestana.
Revelação
Descobre-se que se é adulto quando as refeições passam a ser acompanhadas por vinho tinto.
Em jeito de Prelúdio
Não sei o que se passa comigo nos últimos dias, em concreto desde a última vez que postei um poema meu. Uma poema que, curiosamente, sempre achei que nunca postaria. Nesse dia, em que o escolhi, surpreendi-me várias vezes a ler com agrado o que tinha escrito. Poemas antigos. Normalmente, critico-me à exaustão e sinto-me envergonhada. Porque obviamente já não escrevo daquele modo, porque os acho mal escritos, porque, porque… Nestes dias tenho-me lido com agrado. Sei que isto deve ser muito momentâneo, talvez umas sinapses a falharem, mas vou cometer a loucura de, enquanto me estiver a ler assim, publicar mais assiduamente o que tenho escrito em verso. Sob pena de me arrepender. Mas.
Vão aparecer coisas naive, vão aparecer coisas estranhas e vão aparecer muitas coisas más. Compreendam. Isto deve ser só uma fase.
Lonjura
É tão fácil amar-te quando estás longe
e és imenso na tua perfeição
de intensidade ou ternura
nas imagens de lonjura que tenho de ti.
E tão doce o sabor que inalo
do perfume saudoso que persiste
que recordo na memória que resiste
à ferocidade do tempo que me mata.
É tão lógico o sentimento
que já não tem sentido nenhum;
adoro-te ausente num futuro comum
e deixo-te longe na proximidade dos corpos.
E nem é fácil, nem difícil, é inexorável
o caminho que já sei ir percorrer
na pérfida indiferença de esconder
a cobardia de uma alma só.
[Dezembro de 2002]
Última hora
Computador, com perda de memória, suicidou-se hoje, em Lisboa, ao saltar de um 5º andar. PJ desconfia da teoria de suicídio.
As únicas mulheres que não invejam a Monica Belluci, querem dormir com ela.
Cigarro
Acendes um cigarro. Só assim te consigo ver.
Na tua boca, um travo, e fumas, por fim.
Mas olho nos teus olhos e não consigo ler
as frases que escreves num silêncio assim.
Nestas cores que perfumam o ambiente,
exala um cheiro de sentimento ausente.
Corro a apanhá-lo, mas está escondido
no íntimo de ti, inocente protegido.
Sinto o teu pulsar já tão perto de mim,
sou eu que fujo ou também tens medo
de não seres forte perto de uma realidade assim,
que nos toca os lábios num partilhado segredo.
Mas de noite não dormes aqui ao meu lado,
o frio é tão intenso, o sofrimento é gelado.
Quando rio contigo tudo flutua em ti,
mas a verdade agora é que não estás aqui.
Mas se soubesse que querias, amanhã estar comigo,
fugia do medo nos segundos da instantânea aparição
que de ti tivesse, como agradável castigo
para mais tarde saber que foi só ficção.
E se soubesses que queria, amanhã estar contigo,
que farias então? Correrias veloz em direcção ao perigo?
Ou ficarias triste porque só queres a minha amizade
que eu já sinto, chorosa, amarga, envolta em saudade.
[Outubro de 2001]