Mundo de pernas para o ar
«Miúdos de treze anos que provocam.» Quem? Perguntais vós? Aos pobres padres adultos. Diz o bispo de Tenerife sobre o abuso sexual a menores. E diz mais, muito mais, como se isto, por si só, não fosse suficiente. Di-lo aqui.
[via Renas]
Pensamentos líquidos 69
Trivialidades 111
Não estranhem que os limites de velocidade nas estradas inglesas sejam tão baixos, está bem?
É que eles precisam de precaução adicional! Afinal conduzem sempre do lado errado.
Trivialidades 110
And I said what about "Breakfast at Tiffany's?
She said, "I think I remember the film,
And as I recall, I think, we both kinda liked it."
And I said, "Well, that's the one thing we've got."
Apontamentos fugazes 75
Doença profissional
Ouvir a Billie cantar Come rain or come shine e pensar em opções (financeiras).
a
Pensamentos líquidos 68
As sondagens valem o que valem. Não vale a pena discutirmos isso, mas é sempre interessante ler o que dizem.
Não consigo evitar o sorrisinho que diz “Damn, they don’t learn, do they?!”
Copyright ao “The Economist”
a
Micro-teorias e falácias 7
Trivialidades 109
Não vos quero mentir, mas (acho que) posso acrescentar Chicago à lista de cidades onde gostaria de viver.
Micro-teorias e falácias 6
Os pequenos chegam aonde os grandes chegam.
Digam-me isso quando eu estacionar o carro num passeio e por causa da altura do passeio deixar de conseguir fechar o porta-bagagens. Digam. Atrevam-se.
Apontamentos fugazes 74
Só queria fugir de mim, mas criei uma rede tão forte de querer ser que me encarcerei.
Agora estou condenada a prisão perpétua.
Homenagens 21
Cher – Shoop shoop song
Para um dia destes: dizer-vos os motivos que me fazem gostar da Cher.
Trivialidades 106
Ramos Horta propõe Durão Barroso para Prémio Nobel da Paz
a
Trivialidades 105
Como é que há pessoas que se manifestam contra a cirurgia plástica?
a
Poemas 23
Fazes-me tanto mal
porque me cortas e esqueces
e depois apareces
só a dar-me um sinal.
Fazes-me tanto mal
Porque depois me recompões
sadicamente, alheadamente,
incoerentemente.
Fazes-me tanto mal
porque depois me mostras
o que não posso ter.
Fazes-me tanto mal
e eu finjo que não noto.
Fazes-me tanto mal.
[Maio de 2003]
Poemas 22
Fazes-me tanto mal.
Enterras em mim,
com pregos fundos
a necessidade de ti.
Mas eu,
estúpida ou indecente
acabo sempre por cair
nas tuas palavras dúbias.
Fazes-me tanto mal
porque escondes a sinceridade
atrás de uma capa
sem cor nem sombra.
Mas eu,
com recordações sem memória
sinto fluir o teu veneno
no meu sangue sequioso.
Fazes-me tanto mal
porque me acordas do sono
da imunidade aprendida
e depois me mandas dormir.
Mas eu,
Não sei se te encontro
ou te perco cada vez que te vejo
naquele beijo formal.
Fazes-me tanto mal,
mas eu
não sei se te quero
ou se preciso de ti.
[Maio de 2003]
Trivialidades 104
Carros, mulheres, oficinas, homens
Levo o meu carro à revisão. E todos olham para mim como se eu fosse extraterrestre. A única diferença de mim para as outras pessoas que ali estão é o sexo (gender porque tive uma noite muito desinteressante).
É assim tão pouco comum uma mulher levar o carro à revisão, pôr ar nos pneus, ver o óleo e a água dos vidros (mas não saber que tem um documento único automóvel)?
Trivialidades 103
Sobre quem tem razão
Descaradamente linkado ao Major
Eu estou com o Nietzsche mas, bolas, o Sinatra também tem razão.
Contos 19
Sabe, tenho um texto para lhe escrever. Só não sei que palavras utilizar. Rimbaud disse, um dia, a Verlaine, que antes de o conhecer tinha muito para escrever mas não sabia como: não sabia que palavras utilizar e que forma lhes dar.
Eu já defendi formas e até escolho as palavras em todas as situações, mas agora tenho um texto para lhe escrever e as palavras estão presas na minha caneta. É como uma necessidade potencial de escrita, ainda sem consubstanciação.
Há palavras que tentam escapar-se pelos meus poros e coisas dentro do meu corpo a agarrá-las. Tenho a sensação que se uma palavra saísse, sairiam todas em catadupa. E eu escreveria, à Álvaro de Campos, de pé, a uma cómoda, num jacto de palavras, durante horas.
Estou a explodir com vocábulos dentro do corpo, misturam-se, chocam, arranjam-se, re-arranjam-se, mas teimam em não sair. Por dentro, o meu corpo é composto de palavras, talvez frases, mas para a minha caneta, nenhuma escorre. Acho que lhe chamam bloqueio de escritor.
Mas sorria. Sorria outra vez. Este texto é para si. E não consigo escrevê-lo.
Arquitectura, artes plásticas e design 11
[Edvard Munch, 1894]
Trivialidades 101
Não quero dizer que roubaram o meu tapete da rua, mas ele… desapareceu. Como é que ele desapareceu se até eu o achava feio?
Recomendações 21
Prometi um texto decente sobre o concerto do Rufus Wainwright e agora não sei se consigo cumprir. [Da última vez que comecei um texto assim, escrevi um texto brutal… mas não vos posso mostrar] Ontem tinha palavras a pulular na mente e hoje tudo parece baço, inerte. Esgotado. Ontem, o concerto do Rufus pareceu culminar um dia de mudança, pareceu ser a inversão necessária e hoje o efeito esvaeceu-se. Hoje esvaeci o efeito do concerto do Rufus. Mas do que me lembro…
I still remember how he started with that marvellous Release the Stars. Which he did. He released all those lights and shining stars. With his voice that filled the holes that had been ripped of my body. With his grandeur. Those who expected a stripped Rufus’ concert felt deceived, but I was glad. I sang all the time and everything was absolute, complete. The concert was obvious and subtle, as his songs are. I was glad because he was artistic when he sang; he was artistic when he played around, he was artistic when he laughed, he was artistic in those high heels. He is a talented showman. And those who just know his records, know little of what a performer he is. He is a hell of a performer.
Yesterday, everything was gay. Even when he said «now, let’s get sad, let’s get sad». Gay, gay, gay and even I, who had wished to stay at home with the remote on one hand and a martini on the other, was almost gay. Not because Rufus was tired of America, though. But because he did not forget Danny boy and all those things that are a little bit harmful for me. Not good enough that I don’t smoke and I don’t like chocolate milk. Because he did it. He did. He turned me on, he turned me on with bodies that healed my soul. Maybe with that Turner-lover art teacher. And then the poses, those beautiful poses, that made me think of all those who watch my head about it. Oh no, oh no, no kidding. But then, you know? He just reminded me that all those feelings flying by, all the pain and all the woe were so little when compared to what he wrote, to what he sang, to what music means to me. But anyway, nobody is off the hook.
Slideshow
«But do I love you because you treat me so indifferently? Or is it the medication? Or is it me? Do I love you because you don't want me to rub your back? Or is it the medication? Or is it you? Or is it true?»
Homenagens 19
I am writing just after Rufus Wainwright’s concert tonight. And I’ve got Rufus just under my skin. I’ve got Rufus running through my veins. I’ve got Rufus singing inside my ears. And I am glad.
So glad that after such a bad time, this sweet lovely princess (his own words) has brightened my night. This princess without a throne (again, his own words)…
Honestly, prior to tonight’s show, I thought he was good. Now? Gosh, now I know this guy is amazing. It feels like licking all the sweet out of him.
Later, I will write about the concert in a more decent way. For now…
Release the stars
Between my legs
I could keep on hearing him for days without an end.
Momentos de poesia 9
Só de ouro falso os meus olhos se douram;
Sou esfinge sem mistério no poente.
A tristeza das coisas que não foram
Na minh’alma desceu veladamente
Na minha dor quebram-se espadas de ânsia,
Gomos de luz em treva se misturam
As sombras que eu dimano não perduram,
Como Ontem, para mim, Hoje é distância.
Já não estremeço em face do segredo;
Nada me aloira já, nada me aterra:
A vida corre sobre mim em guerra,
E nem sequer um arrepio de medo!
Sou estrela ébria que perdeu os céus,
Sereia louca que deixou o mar;
Sou templo prestes a ruir sem deus
Estátua falsa ainda erguida ao ar…
[Mário se Sá Carneiro, 1913, Paris]
Post #382
Quero que este continue a ser um espaço para respirar. Para mim e para vós.
Enquanto não me fartar.
Apontamentos fugazes 71
«(…) às restantes ciências é dado o seu objecto, mas o objecto da filosofia como tal é exactamente o que não pode ser dado, terá que ser num sentido muito essencial o buscado, o perenemente buscado.»
«(…) ao definir a filosofia como conhecimento do Universo, entendamos um sistema integral de atitudes intelectuais no qual se organiza metodicamente a aspiração ao conhecimento absoluto. (…) É, pois, obrigação constituinte da filosofia tomar uma posição teorética, enfrentar todos os problemas, o que não quer dizer resolvê-los, mas sim demonstrar positivamente a sua insolubilidade.»
Ortega y Gasset, «O que é a filosofia», Biblioteca Editores Independentes, pp. 48 e 49.
Momentos de poesia 8
Numa ânsia de ter alguma cousa,
Divago por mim mesmo a procurar,
Desço-me todo, em vão, sem nada achar
E a minh’alma perdida não repousa.
Nada tendo, decido-me a criar:
Brando a espada: sou luz harmoniosa
E chama genial que tudo ousa
Unicamente à força de sonhar…
Mas a vitória fulva esvai-se logo…
E cinzas, cinzas só, em vez de fogo…
– Onde existo que não existo em mim?
………………………………………
………………………………………
Um cemitério falso sem ossadas,
Noites d’amor sem bocas esmagadas –
Tudo outro espasmo que princípio ou fim…
[Mário de Sá Carneiro, 1913, Paris]
Pensamentos líquidos 67
Não sei se já vos falei da minha teoria da compatibilidade…provavelmente não. Mas parte da teoria assenta no conceito de cumplicidade, de partilha; assenta na sensação de similitude. Aplico a minha teoria da compatibilidade a relações de tipo íntimo, “amoroso”, mas as componentes relacionadas com a cumplicidade são aplicáveis a todo o tipo de relações. Defendo, por exemplo, que os melhores amigos são aqueles que se compreendem porque são parecidos. E defendo também que apreciamos mais os artistas com quem partilhamos mais características. E é aqui que entra o Sá Carneiro. É o meu poeta preferido. Porque o percebo. Melhor, tenho a veleidade de o perceber.
E porquê?
Porque eu conheço a angústia de Sá Carneiro e ele conheceu a minha mesmo sem saber isso. Conheceu-a porque a experimentou. Mesmo sem saber quem eu sou. Por isso, de cada vez que penso em ler Sá Carneiro sinto medo. Mas quando o leio, fico cheia de certezas. Certeza, que se escrevesse assim, largava já tudo o que não gosto e escreveria para viver (e claro, viveria miseravelmente). Certeza que as pessoas mais interessantes para mim sentem sempre uma desadequação com a maneira normal de viver. Mas acima de todas, a certeza de que mesmo com medo, mesmo com dor, há poucas coisas que façam tanto por mim como a poesia de Sá Carneiro. E como as pessoas que ma oferecem.
Obrigada.
Apontamentos fugazes 70
Acho sempre que há casório à espreita quando alguém, em inglês, diz:
« I propose bla-bla-bla…»
Não é por acaso que eu digo «I suggest...».
Apontamentos fugazes 69
Sobre a idade adulta
Deito-me de bruços, para escrever. Tenho os cotovelos encostados à cama e um copo de vinho tinto na mão direita. Uma posição à Carrie, no Sexo e a Cidade. Conseguem visualizar? E percebo que cheguei à idade adulta. Só um adulto escreve com um copo de vinho tinto na mão.
Nunca mais posso ficar aborrecida quando me chamarem Sra. Mateus no aeroporto…
Micro-teorias e falácias 5
Sobre a sorte
Dizem que a sorte se procura. Mas podem parar de o fazer. O Scolari já a encontrou.
Momentos de poesia 7
Qu'est-ce pour nous, mon coeur, que les nappes de sang
Et de braise, et mille meurtres, et les longs cris
De rage, sanglots de tout enfer renversant
Tout ordre ; et L'Aquilon encor sur les débris ;
Et toute vengeance ? Rien !... - Mais si, toute encor,
Nous la voulons ! Industriels, princes, sénats,
Périssez ! puissance, justice, histoire, à bas !
Ça nous est dû. Le sang ! le sang ! la flamme d'or !
Tout à la guerre, à la vengeance, à la terreur,
Mon Esprit ! Tournons dans la morsure : Ah ! passez,
Républiques de ce monde ! Des empereurs,
Des régiments, des colons, des peuples, assez !
Qui remuerait les tourbillons de feu furieux,
Que nous et ceux que nous nous imaginons frères ?
À nous ! Romanesques amis : ça va nous plaire.
Jamais nous ne travaillerons, ô flots de feux !
Europe, Asie, Amérique, disparaissez.
Notre marche vengeresse a tout occupé,
Cités et campagnes ! - Nous serons écrasés !
Les volcans sauteront ! et l'Océan frappé...
Oh ! mes amis ! - Mon coeur, c'est sûr, ils sont des frères :
Noirs inconnus, si nous allions ! allons ! allons !
O malheur ! je me sens frémir, la vieille terre,
Sur moi de plus en plus à vous ! la terre fond,
Ce n'est rien ! j'y suis ! j'y suis toujours.
[Arthur Rimbaud, 1886]
Apontamentos fugazes 68
Sobre a dama birmanesa
Sobre a democracia (ahahah) na Rússia
Sobre a aproximação absurda do preço do petróleo aos 100 $ por barril
Sobre Nobeis cansados que dizem asneiras
Sobre a percepção do choro em homens e mulheres
Trivialidades 99
so how can you sleep?
Pensamentos líquidos 65
As pessoas constroem-se a cada instante. Cada um é um somatório maior do que a soma de todas as partes, porque o conjunto é uno. Há as razões antropológicas e há a genética e há a Terra e os astros e tudo, tudo o que nos rodeia. Há as pessoas que vimos, há aquelas com quem falámos, há aquelas que sabemos como nos marcaram e há aquelas que não sabemos porque nem sequer nos lembramos delas. Por isso cada um de nós é composto por um número incontável de acontecimentos de probabilidade quase nula. Porque escolhemos aquele café naquele dia do qual nos não lembramos e acabámos por perder todas as outras possibilidades infinitas para aquele dia. Porque lemos aquele livro naquela altura triste e tudo voltou a fazer sentido. Porque agora escrevo numa calma tranquila e estou só. Porque o agora é o resultado de um número de acontecimentos demasiado grande para poder ser possível, nós não somos possíveis para além da possibilidade de existirmos. E a magia dessa possibilidade é infindavelmente admirável.
[repescado de pensamentos de 2004]
Poemas 21
Este violino que ouço
não me traz sons de verdade,
é mais uma ilusão real
para acalmar a ansiedade,
num labirinto sem saída,
numa vã busca de liberdade,
onde nada existe,
onde nada é verdade.
[Dezembro de 2001]
Trivialidades 98
Deixa-me muito desconfortável ver o Cristiano Ronaldo deitado num colchão, com os braços atrás da cabeça. Assim, espalhado pela cidade, numa posição tão…íntima.
Trivialidades 97
Uma surpresa
You Belong in Amsterdam |
A little old fashioned, a little modern - you're the best of both worlds. And so is Amsterdam. Whether you want to be a squatter graffiti artist or a great novelist, Amsterdam has all that you want in Europe (in one small city). |
Uma brincadeira
You Are Lemon Meringue Pie |
You're the perfect combo of sassy and sweet Those who like you have well refined tastes |
E aquilo que eu sempre soube…
You Communicate Like a Man |
When you communicate, you like to get to the point. You're not afraid to say what's on your mind - and leave it at that. Talking about your emotions drains you. You rather keep them to yourself. You prefer solving problems to wallowing in your sorrows. |
Pensamentos líquidos 63
No fundo, no fundo, Milan Kundera foi “auto-expulso” da Checoslováquia quando achou ser insuportável continuar a viver num país que o desiludiu, o renegou. Na década de 70, os seus livros foram banidos da Checoslováquia, perdeu o emprego e mais tarde a nacionalidade checoslovaca pelo envolvimento na Primavera de Praga e pelo conteúdo dos seus livros. Passou a residir numa França que o acolheu. Passou a escrever em francês.
É-lhe agora atribuído o Prémio Checo da Literatura. E pelos vistos «(…) o escritor suscita alguma reserva no seu país, devido a ter decidido abandonar a sua língua para passar a escrever em francês e a nunca ter dado prioridade à edição em checo»
Poupem-me. Se fosse eu, faria muito pior.
Trivialidades 96
Ciclo tipos de pessoas
As sonsas e as outras.
Apontamentos fugazes 66
… to give up
[from Grey’s Anatomy]
Trivialidades 95
Um hunk que não é hunk… mas as semelhanças físicas com o Jeff Buckley e o olhar à James Dean tornam-no muito “apetecível”.
[James Franco]
Apontamentos fugazes 65
«(…) Cada um de nós e metade o que ele é e o que é o ambiente em que vive. Quando este coincide com a nossa peculiaridade e a favorece, a nossa pessoa realiza-se por completo, sente-se fortalecida pelo que a rodeia e incitada para expandir a sua mola íntima. Quando o ambiente nos é hostil, como está também dentro de nós, obriga-nos a uma perpétua dissociação e resistência, deprime-nos e dificulta o desenvolvimento da nossa personalidade e que esta frutifique plenamente. (…)»
«(…)Já veremos, em concreto, como depois de os filósofos terem suportado ruborizados que os homens de ciência os desdenhassem atirando-lhes à cara que a filosofia não é uma ciência, hoje apraz-nos, pelo menos a mim, esse insulto, e, recolhendo-o no ar, devolvemo-lo dizendo: a filosofia não é uma ciência porque é muito mais.»
Ortega y Gasset, «O que é a filosofia», Biblioteca Editores Independentes, pp. 37 e 38.
Sobre a filosofia. Não, não é só ao Ortega y Gasset. Regozijo-me com ele.
Contos 18
Há qualquer coisa de errado com aquelas mãos. Talvez as unhas. Talvez só uma ligeira falta de elegância. E, no entanto. Aquelas mãos, na minha mente, tocam-me com luxúria. E eu gosto da sensação. As minhas terminações nervosas sentem com intensidade, a minha pele contrai-se e o meu corpo finge uma calma que já não tem. Mas que eu quero ter.
Mas, as mãos. Eu falava das mãos. Estão longe de serem perfeitas. Aquelas mãos, e, todavia, esqueço-me, às vezes, que trazem uma cara, um corpo, uma pessoa agarrada. Por momentos, só as mãos existem. Momentos que se prolongam mais do que se possa imaginar. É que os dedos passam a linha do meu nariz, tocam levemente a pele, descem, puxam o meu lábio inferior e deixam a minha boca exposta, os meus dentes visíveis. E é difícil fingir aquela indiferença quando os dentes estão expostos.
Mas, as mãos. Era (só) das mãos que eu falava. E dizia que a distância que as separa do arquétipo das mãos ideais é muita. Serão as nozes dos dedos que as estragam? Fecho os olhos enquanto uma das mãos me agarra o pescoço. Só uma das mãos, mas envolve todo o meu pescoço. Os meus olhos estão fechados porque mesmo que vissem, não conseguiriam ver as mãos. Que me percorrem, cada vez mais rápido, o peito, os abdominais. São essas mãos que me levantam as costas do chão e calcorreiam todos os espaços de pele disponíveis.
Mas, as mãos. As mãos de que eu queria falar. Aquelas que não são as mais bonitas. Aquelas que me tocam a pele, aquelas que me agarram o corpo. É dessas mãos que eu falo. As que sobem as minhas pernas sem indecisão, as que me pressionam a carne, os ossos. As que me excitam, agora.
Não sei com quem estou na cama. No chão. Mas tenho a certeza das mãos que me tocam.
[Outubro de 2007]
Apontamentos fugazes 64
Não tenho as melhores recordações de Heathrow. Mas há uma coisa que me agrada muito no aeroporto. Não mesmo dentro do aeroporto, mas ainda assim. Os corredores que ligam os terminais ao metro, ao Heathrow Express, aos parques de estacionamento. São coloridos por cartazes publicitários do HSBC. Sem querer fazer qualquer tipo de publicidade ao banco (antes a quem trata do marketing), quero dizer que os considero brilhantes. São sobre as diferentes maneiras de ver as coisas; sobre o preto e o branco que fazem o cinzento não existir.
Brócolos e um bolo de chocolate. Sobre os brócolos diz “good”, sobre o bolo “bad” e depois as palavras invertem, "bad" sobre os brócolos e "good" sobre o bolo de chocolate. Ao longo do tempo, os cartazes vão alterando. Agora, dedicaram-me um. Uma malagueta e um sapato de salto muito alto. Sobre a malagueta lê-se “pleausure”, sobre o sapato “pain”. De seguida, sobre a malagueta “pain” e sobre o sapato “pleasure”.
Sim, foi pensado em minha homenagem. E ao meu masoquismo mal disfarçado.
Pensamentos líquidos 63
Radiohead vistos à luz do novo álbum
Muitas coisas merecem ser escritas após reflexão. Mas se se pensar muito, perde-se a oportunidade. E eu já estou atrasada. E logo depois da minha última homenagem.
Há algum tempo atrás ouvi que os Radiohead não tinham editora para o novo álbum. Puzzlement. Rumores. Nos meus dias em Londres descobri finalmente. Atrasada. Mas finalmente.
Há uma semana atrás, os Radiohead anunciaram que o seu novo álbum «In rainbows» estaria disponível no seu website a partir de 10 de Outubro (amanhã). Sem editora pelo meio. Sem nada, para além dos cinco magníficos, e uns advogados, creio. Qualquer pessoa pode abrir o site e comprar o álbum (download ou discbox). Isto já é curioso. Mas é só a ponta do iceberg. É que os 70 % abaixo da água dizem que o preço (no caso de download) é decidido exclusivamente pelo comprador. E pode ser exactamente igual a 0£. Sim, é verdade.
É por isto que este deveria ser um post com mais reflexão porque não sei muito bem o que acho disto. Foi uma decisão dos Radiohead, consciente, decerto, logo não posso achar mal. Mas o modelo de distribuição? Bem, aqui ainda é fácil, porque detesto, visceralmente, pensar que quem tem a parte artística, criativa, de algo pode ganhar menos (ou o mesmo ou até pouco mais) do que quem distribui ou promove. Portanto, se não querem ter editora, apoio. Não funciona para todos, é certo. Mas, claro, funciona para bandas como os Radiohead. E, a parte mais curiosa, o preço? Sobre o preço não sei. É que é demasiado tentador pagar… nada. Mas um preço livre também permite pagar o preço justo. Mas determinado só pelo comprador.
E agora todos…
- “Cara F., quanto é que vais pagar pelo álbum?”
Provavelmente nada pelos downloads. É que eu sou uma rapariga que gosta de coisas físicas. E quero mesmo a discbox. Ah… E também sei que vou pagar o preço que me pedirem por um bilhete para um concerto deles. Porque ouvi dizer que se aproxima uma tournée fantástica em 2008.
Apontamentos fugazes 63
Shoe wear
Qualquer coisa está muito mal, quando o único ponto positivo de um fim-de-semana longo é comprar um par de sapatos. Mas, asseguro-vos; são lindíssimos.
Não sei como há quem diga que comprar calçado é uma futilidade.
Homenagens 18
Escrevi vários posts, que nunca publiquei, sobre os Radiohead. Porque o post sobre os Radiohead teria que ser “O post”. Teria que ser perfeito. E achei que, de alguma maneira, tinha só uma oportunidade para o conseguir. Mas esta tarde reconsiderei. Posso começar por vos dizer coisas, sem escrever “O post”. Porque esse vai ter que ser perfeito. Vou ter que o afinar, aperfeiçoar e, eventualmente, nunca o postar.
Ainda assim, aquilo que tenho para vos dizer hoje é suficiente para perceberem o que os Radiohead são para mim. E só preciso escrever duas coisas.
1. Se me exigissem que mantivesse, no mundo, só uma banda / um músico / um compositor, sem que mais ninguém pudesse “musicar”, eu deixaria os Radiohead.
2. Tenho, semanalmente, que entregar a resolução de um problem set de matemática. Detesto ter que os fazer porque não os percebo (nem os exercícios resolvidos sei, paradoxalmente, resolver). Quando me sentei, hoje ao início da tarde, para essa tarefa ingrata, depois de ter escolhido o CD que me acompanharia, disse «Não pode ser menos que Radiohead, só eles tornam este martírio suportável».
E ouvi o Ok Computer três vezes seguidas.
[Radiohead – Let Down]
Recomendações 20
Apesar do site do evento ser deplorável, continuo a achar que é uma recomendação válida. Apesar de me dizerem que devo ser a única pessoa a suportar o festival, acho que deve continuar. E, apesar de, possivelmente, eu não poder ver nenhum dos filmes, recomendo à mesma.
É que o cinema francês tem uma elegância inatingível.
Apontamentos fugazes 62
Das poucas vezes que pensei ter tido sorte, ainda não tinha visto a factura que a sorte me tinha passado.
Apontamentos fugazes 60
Micro-teorias e falácias 4
[Mas são uma merda.]
a
Homenagens 16
Posso afirmar, sem mentir, que não gosto, em geral, de fado. Mas há um conjunto de fados que me faz estremecer, talvez pelo pesar, pela dor, não sei bem… São normalmente fados da Amália, é verdade. Não vão apanhar muitos posts destes, mas acho que esta é uma homenagem justa.
Este é o meu favorito. Digam-me lá se não tem qualquer coisa.
Na voz da Mariza
[ai que inveja destes graves]
E na voz da Amália
Trivialidades 93
Radar
Ouvir, agora, a Rádio Radar em Lisboa é um susto. Cada vez que olho para o tablier penso «bolas, já fui».
Trivialidades 92
Pessoa que nasceu sem o gene da abstracção matemática procura explicações de topologia.
Recomendações 19
Amy Winehouse
I cheated myself
Like I knew I would
I told ya, I was trouble
You know that I'm no good
[The way I feel tonight]
Trivialidades 91
a
Trivialidades 90
o qual/a qual
senhora doutora/senhor doutor
é bom de ver
a
Pensamentos líquidos 62
Último colocado em Medicina na
Universidade Nova de Lisboa – FCM – 188,5
Universidade do Porto – FM – 186,3
Universidade da Beira Interior – 183,5
Universidade do Porto – ICBAS – 182,0
Universidade de Coimbra – FM – 181,8
Universidade do Minho – 181,0
Universidade de Lisboa – FM – 178,3
Nota: A comparação das notas do último colocado não faz qualquer sentido. As fórmulas de cálculo de entrada são diferentes em quase todas as faculdades.
Arquitectura, artes plásticas e design 10
Poemas 20
Golpe
Magoas-me tanto sem o querer
que já não sei o que é verdade,
se a minha necessidade de sofrer,
se o meu medo de felicidade.
Já não sei se busco o que quero
ou se quero o que ainda busco,
porque eu sorrio mas eu desespero
neste ardor de golpe brusco.
A certeza é sempre posterior
aos actos que me esforcei por fazer
e nesta inconcretização só vivo a dor.
Por isso sofro sem justificação
para além da alma torturada a doer
e da vida que passou pelos meus olhos de distracção.
Apontamentos fugazes 59
«Porque o nome é uma espécie de epiderme.»
Friedriech Nietszche, Assim falava Zaratustra, 1891
Pensamentos líquidos 61
Women at stake
Pensei muito antes de escrever este post. Desde início, soube que tinha que decidir se iria tratar o tema com alguma leveza ou detalhar mais. Ainda que partindo de situações prosaicas, acho que as conclusões são demasiado sérias para perder a oportunidade de reflectir um bocadinho sobre o assunto. Primeira tentativa.
Vou cingir-me ao mundo ocidental. A análise no mundo islâmico é diferente. O que não quer dizer que seja melhor.
A desigualdade entre homens e mulheres é ainda evidente. Todos sabemos que, em média, as mulheres ganham menos do que os homens, como sabemos que o número de mulheres em cargos importantes é menor do que o de homens (ainda que haja mais mulheres do que homens no mundo), como há menos mulheres a viajarem em executiva do que homens.
Mas o que quero explorar é uma vertente muito específica. Exige-se mais às mulheres. E o ponto que eu quero explorar é que se exige mais em termos de aspecto, looks. Exige-se que as mulheres sejam mais bonitas, mais elegantes e mais “duradouras” do que os homens.
EXEMPLOS
Às vezes vejo wrestling. Acho que aparte a palhaçada, os atletas/entertainers são muito bons. Mas enquanto os homens, atletas fantásticos, são normalmente feios e têm corpos muito pouco apelativos; as mulheres são sempre absurdamente esculturais e bonitas, para além de atletas incríveis. Não me entendam mal, aprecio a beleza, mas aprecio para os dois lados.
Outro exemplo. Ténis. As marcas que patrocinam os tenistas usufruem da imagem do um modo díspar entre mulheres e homens. Enquanto no circuito masculino, o mais excitante que se consegue é uma discussão sobre o tamanho dos calções do Nadal; as tenistas exibem fatos notáveis. A imagem da Sharapova não é só importante por ela ser uma tenista de top-5, é-o porque ela é bonita; senão, pense-se no caso da Anna Kournikova, uma tenista não muito interessante, mas com uma imagem que valeu milhões. Já agora, se acham que estou a exagerar, pensem nas meias dos tenistas puxadas inesteticamente até meio da perna.
Os pivots de televisão. Não preciso de dizer que há muitos senhores por aí que não são particularmente bonitos e que têm tempo de antena de destaque. As mulheres têm, quase sempre, uma imagem agradável. São palavras inúteis as que gastar sobre o cinema, não são? É chover demasiado sobre o molhado.
Chega de televisão. Vem a minha pièce de résistance. Em média, um casal, se de sexos diferentes, tem um nível de beleza similar. Nos casos em que isso não acontece, em média, a mulher é mais bonita e mais elegante do que o homem. Parece-me sempre que esta diferença existe como uma forma de compensação por qualquer coisa que não sei o que é. E aqui a minha facadinha de maldade. Há também uma situação muito comum nalguns círculos e que acontece após casamento (nesses círculos é sempre após casamento). É visto como “importante” que o homem engorde (porque está a ser “bem tratado”), mas se for a mulher, isso é normalmente apelidado de “desleixo”…
CONCLUSÕES
Sei que todos estes são fenómenos que, com jeitinho, podiam ser vistos separadamente. Mas não acho que, de facto, sejam destrinçáveis. São expressões do mesmo fenómeno social – uma exigência, mais forte às mulheres do que aos homens, de atingirem um estereótipo de beleza se quiserem ter sucesso em muitas carreiras (por demais evidente em carreiras relacionadas com a televisão) ou se quiserem ser vistas, à partida, como desejáveis.
Outra vez. Não me interpretem mal. Se eu pudesse trocava já hoje o meu corpo pelo da Melina ou a minha cara pela da Sophie Marceau. Sou uma defensora fervorosa de todo o tipo de cirurgia plástica ou qualquer outra técnica que ajude as pessoas a terem o aspecto que gostariam de ter. E não tenho qualquer estigma de “mulher-objecto”. De todas as vezes que vou a Londres tento comprar corpetes ou espartilhos.
O problema não é, portanto, o que as pessoas fazem para se sentirem bem, desde que o façam de livre vontade, desde que seja uma escolha. É quando o fazem por pressão social. E é porque todos os fenómenos que descrevi revelam uma duplicidade de critérios em que os homens são beneficiados. E esta duplicidade é injusta. As pessoas devem ser escolhidas para uma função, um emprego, uma tarefa pelas qualidades que têm a desempenhá-la(lo), não pelas qualidades visuais.
O curioso disto é que este não é um "fenómeno consequência" da história. É anacronicamente contemporâneo (acabei de inventar, mas parece-me outro conceito com pernas para andar). E não sei dizer o que nos trouxe aqui. Mas espero não dure muito. Porque a injustiça irrita-me.
Pensamentos líquidos 59
Há um artigo muito interessante na “The economist” sobre a pena de morte nos EUA.
Trivialidades 88
Aqui estou eu
- a torcer pela Venus Williams enquanto defronta a Justine; e
- a invejar perniciosamente a altura de pernas que ela tem.
Contos 17
It could have been that accent. You know, after all, Jude Law is not so irresistible because he is terribly handsome; he is irresistible because he has that lovely British accent. And the smile, of course. That naughty smile.
In particular.
So, it could have been the accent. Not that it matters right now. My back is bending of pleasure as two very decided hands hold my hips to restrain my movements. So, it might have been the accent, but the Jude Law naughty smile helped a lot. Either way, that smile is now smiling to a funny part of my anatomy.
In particular.
Two people who just did not give a damn. Two people searching for some strong feelings; already trying some strong sensations. At least, that is what my hands insistently clasping the sheets seem to indicate. So, it might have been the accent, but the way his pen sounded touching the paper sheets, syncopated, also played a role. People claim pheromones, chemicals, do the work for you, but they do not know the British accent, they do not know that plain attraction comes from much more complex things like accents and smiles and “doesn’t give a damn looks”.
In particular.
So, it might have been the accent; but perhaps I understood upfront that his hands would caress my body like this, would hold me decisively and would provoke rushes in my veins. Sensations, perhaps. Raw feelings. Unleashed without further intentions other than moving bodies of pleasure. Sex.
In particular.
I am not really certain about the signals; I only know they were right as upcoming contracting muscles shriek in silence for a non-ending pre-climax.
In particular, I know. It was that accent.
[Maio e Setembro de 2007]
Trivialidades 87
Houve protestos pela escassez e pela falta de qualidade das figuras masculinas que ultimamente apareceram no blog. Aceito a crítica. Por isso, redimo-me com o único hunk do ténis (que está a perder um set a zero com o Davydenko).
Para a Q. :-)
Apontamentos fugazes 58
Journal
Londres, 7 e qualquer coisa da manhã. Acordo, sobressaltada, com alguém a bater à porta, mas não percebo o que diz. Convenço-me que é nalguma porta ao lado. Não é preciso acordar ainda. Mas acho que ouço alguém novamente a dizer, será, laundry? Não pode ser na minha porta, tenho a certeza que pus um «Please, do not disturb» do lado de fora. Mas pouco tempo depois, alguém bate novamente enquanto diz laundry e abre a porta. Estou deitada e a minha cara irritada e sonolenta foi suficiente para vários “sorry, sorry, sorry”.
Acordo. Não precisava de me levantar tão cedo. Ligo a televisão para ver as notícias. Faço zapping. A greve do metro londrino acabou durante a noite, mas só há mais uma linha a funcionar em relação às escassas duas e meia que funcionaram nos dois dias anteriores. De qualquer modo, já ia de táxi para Paddington. Continuo. TVE. Devo estar mesmo sonolenta porque me parece ouvir «Menos mal, porque pelo menos perdeu para outro espanhol, David Ferrer». Espero mesmo ter ouvido mal porque era o Rafa que jogava com ele. CNN. As autoridades alemãs conseguiram evitar ataques terroristas. Bonito. Já costumam ser simpáticos em Heathrow, hoje devem bater-me.
Quando chego à saída do hotel, há fila para o táxi. Ainda por causa da greve, não há táxis livres. Está a ser um bom início de dia. Felizmente tenho tempo.
Mas, às vezes, há coisas. Curiosamente, foi o dia em que fui melhor tratada em Heathrow. Foram quase… simpáticos. Brincaram, agradavelmente, com o meu saquinho dos líquidos. Weird...
Apesar de amassada, ainda fiz uma aula de body step. Estou cansada, mas hoje fui forte.
Tudo isto para dizer. Nem sempre os dias que não começam bem, acabam mal. Se, pelo menos, esquecermos o episódio Nadal, obviamente.
Trivialidades 85
Como é que se regenera este rapaz?
[Marat Safin]
Digam-me. Eu, pelo bem do ténis, ofereço os meus préstimos.
Trivialidades 84
Handling
Para quem, como eu, está habituada a enfrentar uma chegada ao destino sem bagagem, uma greve de handling é o menor dos receios.
Poemas 19
She’s falling apart,
but standing so high.
She’s crying inside.
No one to save her
from this cruel world.
A bleak shadow in her soul.
And she fights
with concealed anger.
She saves her pride with no stammer.
She suffers like hell,
but shows no regret.
She believes in her fact.
She keeps on strong,
feels her wounding pain shut.
Her truths have no but.
Her rescuer has a name,
she believes that he’ll come
with a kiss instead of a gun.
[Julho de 2001]
Apontamentos fugazes 56
Reflexões avulsas sobre atletismo
Compreendo o salto em comprimento, mas o triplo salto é totalmente aleatório… podia ser quádruplo salto, sêxtuplo, ##uplo salto.
Espero que medidor de distância nos lançamentos (dardo, peso e martelo) seja considerado profissão de alto risco.
Tenho saudades do Maurice Green e das unhas da Gail Devers. Repararam que a Marlene Ottey ainda foi às eliminatórias dos 100m?
Homenagens 15
Francis Obikwelu
Porque quando as pessoas são boas atletas, são-no quando as coisas correm bem e quando as coisas correm mal. Porque os resultados muitas vezes não reflectem o trabalho, o esforço, o talento, a qualidade. E porque gosto muito do Obikwelu.
Apontamentos fugazes 55
Micro-teorias e falácias 3
Todas as mulheres sonham casar.
Aconteceu-me uma noite destas e acordei em pânico.
a
Trivialidades 83
Programas de culinária
Poemas 18
Black, bright sky
Stars at night, such a fresh scent air,
black sky so bright, it’s an easy view to bare
with no fears and happy dream
that grow freely, an ease extreme.
Any certainty but vanishing woe
coming so secretly, fulfillment glow.
With no expectations, just a present
that I catch in some moment, pleasant.
I’m not worried, I feel glad
with any motive but beyond being sad
or some connection with no justification,
just reflected looks of strange attraction.
So I must not mind, I see
all the way I can pretend being me,
like always, with an independent face
behaving like someone I really chase.
It’s happening or is it an illusion
to cope with hope that grew in confusion?
It doesn’t matter, I now guess
‘cos I see lucid views from a mess.
[Novembro de 2001]
Pensamentos líquidos 58
Algumas coisas merecem reflexões com tempo. Infelizmente, aquilo que não tenho tido nas últimas semanas é tempo. De qualquer modo, num princípio de best effort, fica aqui, uma tentativa de reflexão.
Cruzei-me, há uns dias atrás, com uma notícia no NY Times, sobre a taxa de suicídio no exército norte-americano. Segundo um relatório oficial, esta taxa foi, no último ano, a mais alta desde há vinte anos atrás o que, de acordo com uma psiquiatra, consultora do exército, não está relacionada com a vida profissional destas pessoas, mas sim com a sua vida íntima. Por acaso, a maior parte destas pessoas estiveram ou estão envolvidos nas forças militares deslocadas no Afeganistão e no Iraque. Só por acaso.
Sem discutir as intervenções norte-americanas em vários conflitos armados nas últimas décadas nem discutir as motivações de alguém que decide ingressar numa força militar; parece-me que esta consequência é, no mínimo, aquilo a que eles gostam de chamar «dano colateral». Eu não consigo imaginar o que é viver num clima de guerra, não consigo imaginar o que é lidar com mortes de guerra, não consigo perceber sequer qual deve ser o sofrimento envolvido. A mim, já só me chega a revolta. A dificuldade em aceitar que pessoas provoquem, gratuitamente, tanto sofrimento a outras pessoas. Porque mesmo assumindo (estou a tomá-lo como hipótese, ok?) que estas intervenções foram justificadas, “justas”, a decisão de as fazer negligenciou (e negligencia sempre) o impacto que esta violência tem em cada pessoa.
Eu acho que, em tudo, cada pessoa é sempre o mais importante. Nunca “um povo”, nunca “um grupo social”, nunca uma “etnia”. Sempre cada pessoa. Que pode eventualmente “pertencer” a um destes grupos. Mas quando se sofre, sofre-se sozinho. E quando alguém se suicida porque não consegue, não tem, não pode, aguentar mais; quando alguém se suicida assim, suicida-se sozinho…
É curioso porque há muito pouco tempo tive uma conversa interessantíssima sobre «filmes de guerra» e falámos de dois filmes que, sendo de guerra, eram filmes de pessoas, filmes de reflexão, de análise do impacto que a guerra tem sobre cada um. Se ainda não viram e, mesmo que não gostem de filmes de guerra (como eu), aconselho-vos o “The thin red line” do Terrence Malick e o "Apocalipse Now" do Francis Ford Coppola.
Poemas 17
Se te pudesse ter num sítio qualquer,
onde te quereria ver?
numa paisagem idílica sem passado,
a olhar a veracidade de um quadro,
a correr a vida quase indiferente,
para que a dor te fosse ausente?
ou numa realidade concretizada
perto de tudo e a ser nada
só porque o medo que me assiste
é perene, não desiste
mesmo que seja desadequado
e me reduza indelicado
a julgar-te pela representação
em vez da tua verdadeira concepção?
Mas seriam mentiras se as criasse
as esperanças de outra face
para te ver num sítio perfeito
em que só tu fosses o eleito
para uma felicidade indiscreta,
impossível de tão concreta,
divina de tão obscena
pura concretização plena...
Quereria saber-te feliz
independentemente do que diz
a minha vontade egoísta
só em miragem minha conquista.
E ainda assim,
se te pudesse ter num sítio qualquer,
quereria, egoísta, ter-te em mim...
[Setembro de 2005]
Poemas 16
Na minha concha de narcisismo,
existo eu e pouco mais.
Angustiada, reconheço o egoísmo
de contemplar vizinhos corais.
No barco que passa por cima de mim
flutua um anzol, traiçoeiro fim.
De lodo e medo, eu vislumbro o chão
Que me puxa, ténue, suave tentação.
Só. Digo adeus ao que é feliz;
contágio provável, algo me diz.
Águas azuis de contundente dor.
Escondo. Minto. Mas procuro amor.
Vida que passa ao lado, por mim.
Concha fechada, abre por fim!
[Agosto de 2001]
Apontamentos fugazes 54
Fantasia do ó-ó
Agarro no Black Album. Sinto uma energia inebriante a correr-me nas veias. Já sei quem vem lá. Estou à espera dele. Dele! Do Sandman. Ouço aqueles acordes, as guitarras, a bateria. E já sei, não me engano.
Vou dormir.
Aconchego-me à almofada enquanto rezo, sem ninguém me falhar. Está quase. O Sandman está a chegar. Aninho-me no calor morno do edredon enquanto lá fora escurece. Agarro a sua mão, vamos para a terra onde o soninho aparece.
Sonho. Dizem-me que devo ficar alerta. Mas o Sandman está comigo. Falam-me de monstros debaixo da cama, de guerras e de perigo. Mas o Sandman protege-me. Dizem-me que há coisas na minha cabeça. E o Sandman foge, com medo de mim.
Eu durmo descansado.
Porque eu sei a canção de fazer ó-ó. Só há uma, que o James Hetfield canta só. Os Metallica chamam-me o soninho. Os monstros debaixo da cama são quem não me deixa sozinho.
Da próxima vez que adormecer um petiz, peço ajuda. Chamo o Sandman.
Dizem-me que os Metallica são “pesados”. Só que não sabem que eles escreveram as lullabies do João Pestana.
Apontamentos fugazes 53
Revelação
Descobre-se que se é adulto quando as refeições passam a ser acompanhadas por vinho tinto.
Poemas 15
Em jeito de Prelúdio
Não sei o que se passa comigo nos últimos dias, em concreto desde a última vez que postei um poema meu. Uma poema que, curiosamente, sempre achei que nunca postaria. Nesse dia, em que o escolhi, surpreendi-me várias vezes a ler com agrado o que tinha escrito. Poemas antigos. Normalmente, critico-me à exaustão e sinto-me envergonhada. Porque obviamente já não escrevo daquele modo, porque os acho mal escritos, porque, porque… Nestes dias tenho-me lido com agrado. Sei que isto deve ser muito momentâneo, talvez umas sinapses a falharem, mas vou cometer a loucura de, enquanto me estiver a ler assim, publicar mais assiduamente o que tenho escrito em verso. Sob pena de me arrepender. Mas.
Vão aparecer coisas naive, vão aparecer coisas estranhas e vão aparecer muitas coisas más. Compreendam. Isto deve ser só uma fase.
Lonjura
É tão fácil amar-te quando estás longe
e és imenso na tua perfeição
de intensidade ou ternura
nas imagens de lonjura que tenho de ti.
E tão doce o sabor que inalo
do perfume saudoso que persiste
que recordo na memória que resiste
à ferocidade do tempo que me mata.
É tão lógico o sentimento
que já não tem sentido nenhum;
adoro-te ausente num futuro comum
e deixo-te longe na proximidade dos corpos.
E nem é fácil, nem difícil, é inexorável
o caminho que já sei ir percorrer
na pérfida indiferença de esconder
a cobardia de uma alma só.
[Dezembro de 2002]
Trivialidades 80
A 2:, à segunda-feira, sempre teve séries notáveis. Ou não estivesse eternamente associado a este dia o fabulástico “Six feet under”. Mas, de memória, lembro-me ainda dos Sopranos (que acompanhei pouco, admito) ou dos “Angels in America”. Este “Weeds” (sim, já sei que não é uma série recente, recente, recente!) segue o mesmo caminho. Muito interessante. Gosto particularmente da falta daquele puritanismo tão tipicamente norte-americano.
Digo-vos. É uma erva que bate bem.
Trivialidades 79
Última hora
Computador, com perda de memória, suicidou-se hoje, em Lisboa, ao saltar de um 5º andar. PJ desconfia da teoria de suicídio.
Trivialidades 78
Para quem gostar de fazer testes. Afianço-vos que tem uns resultados giros.
[Via Sem Muros]
Trivialidades 77
As únicas mulheres que não invejam a Monica Belluci, querem dormir com ela.
Poemas 14
Cigarro
Acendes um cigarro. Só assim te consigo ver.
Na tua boca, um travo, e fumas, por fim.
Mas olho nos teus olhos e não consigo ler
as frases que escreves num silêncio assim.
Nestas cores que perfumam o ambiente,
exala um cheiro de sentimento ausente.
Corro a apanhá-lo, mas está escondido
no íntimo de ti, inocente protegido.
Sinto o teu pulsar já tão perto de mim,
sou eu que fujo ou também tens medo
de não seres forte perto de uma realidade assim,
que nos toca os lábios num partilhado segredo.
Mas de noite não dormes aqui ao meu lado,
o frio é tão intenso, o sofrimento é gelado.
Quando rio contigo tudo flutua em ti,
mas a verdade agora é que não estás aqui.
Mas se soubesse que querias, amanhã estar comigo,
fugia do medo nos segundos da instantânea aparição
que de ti tivesse, como agradável castigo
para mais tarde saber que foi só ficção.
E se soubesses que queria, amanhã estar contigo,
que farias então? Correrias veloz em direcção ao perigo?
Ou ficarias triste porque só queres a minha amizade
que eu já sinto, chorosa, amarga, envolta em saudade.
[Outubro de 2001]
Apontamentos fugazes 50
Mais um bocadinho (delicioso) de Henry Miller…
«He was deader than dead because alive and empty, beyond all scope of resurrection in that he had travelled beyond the limits of light and space and securely nestled himself in the black hole of nothingness. He was more to be envied than pitied, for his sleep was not a lull or an interval but sleep itself which is the deep and hence sleeping ever deepening, deeper and deeper in sleep sleeping, the sleep of the deep in deepest sleep, at the nethermost depth full slept, the deepest and sleepest sleep of sleep’s sweet sleep. He was asleep. He is asleep. He will be asleep. Sleep. Sleep. Father, sleep, I beg you, for we who are awake are boiling in horror…»
Henry Miller, Tropic of Capricorn, Maio de 1939
Apontamentos fugazes 49
Dada a sobremesa; será que as entradas, as sopas, os pratos principais deveriam ser comidos debaixo da mesa?
Pensamentos líquidos 57
João Miranda, neste artigo de opinião no DN, expressa aquilo que, desconfio, lhe parecerá acertado acerca da discussão dos incentivos à natalidade. Afirma existir um «(…) consenso em Portugal de que o Estado deve promover a natalidade». Desde já posso garantir que isto é mentira. Entre os (obviamente e correctamente) preocupados com a Segurança Social e as pessoas como ele, existo eu que não acho, de modo algum que o “Estado deva promover a natalidade”. O que, notem, é completamente diferente, de garantir que todas as pessoas que nascem tenham acesso inegável a cuidados de saúde ou a usufruir de educação até ao nível que desejarem, ainda que os seus progenitores, pais ou tutores não o consigam prover. Para mim isso é… indiscutível; ao jeito do véu de ignorância de Rawls, ninguém deve sofrer as consequências de coisas às quais é alheio e ninguém escolhe de quem nasce ou depende. Mas isto é tema para outro post.
Regressando ao artigo de opinião do tal investigador em biotecnologia. Ele refere «Os seres humanos são, por natureza, obcecados pelo sexo. Mas não se trata de uma obsessão fortuita. É uma consequência da selecção natural.», mas não se fica por aqui, garante que isto está ancorado numa obsessão pelo poder. E depois remata com «O poder é apenas um meio para conseguir sexo, mas não o sexo pelo sexo, mas o sexo que gera descendência.» O giro destas coisas é que podiam quase ser também ditas por fanáticos religiosos (ainda que de uma maneira “mascarada”); mas curiosamente são-nos ditas, muitas ou às vezes, por pessoas muito ligadas à biologia.
Para além de, a este tipo de argumentos, serem completamente alheios todos os motivos antropo-sociológicos, são também alheias aquelas a que eu chamaria razões individuais. Por vários motivos os seres gostam (e notem que não uso “são obcecados por”) de sexo e eu, muito sinceramente, acho que o prazer está acima de todas as outras. Porque mesmo que João Miranda argumentasse que estivesse a aplicar o seu argumento a todos os outros seres que não o Homem, continuaria a ser facílimo contrapô-lo, ou ele não se lembra que há imensos (mesmo imensos) casos documentados de animais com relações homossexuais só pela busca de prazer? Não vou sequer levar a discussão mais longe e dizer que, para além do prazer, pode haver outros factores muito individuais que o justifiquem. Porque não preciso e, bem, porque me entalaria em águas pantanosas… Mas o bottom line mantém-se. Utilizar argumentos biológicos evidentemente incompletos para justificar coisas relacionadas com os homens é muito falacioso.
Percebem agora o meu problema com o Darwin?
Contos 16
Explosão. Fluxos de energia rápidos no corpo. Excitação consumada. Depois. Depois de tanto tempo de contenção. Enquanto todos sabiam o que nós não. Sabíamos? Todos tinham sentido a vibração entre nós; desequilibrávamos qualquer sala com a tensão. Um embate de forças. Compreende?
Ainda não sei quem ganhava. Só via as baixas. Quando notava, todos estavam pasmados. Não, todos estavam siderados. Só não o sabiam. E era o nosso embate – combate? – que o provocava. Gladiadores de forças invisíveis.
Os nossos toques obscenos sem contacto. As palavras inocentes cheias de sexo. Nas nossas conversas, cadeira cheirava a sexo, almoço sabia a sexo, no azul sentia-se sexo, em rádios surdos via-se sexo; todas as palavras gritavam sexo. Nós não sabíamos. Compreende?
Sabíamos o embate de forças, conhecíamos o interesse. Discutíamo-lo em silêncio, no meio de todos. Todos sabiam. Conheciam as nossas palavras, o jogo de sedução. Mas nós éramos os únicos a ter noção dos limites. Qualquer toque era proibido, tudo o que fosse mais do que a insinuação era proibido. Qualquer iniciativa impensável. Uns inocentes.
Tínhamos a fama. Nenhum proveito, para além do que retirávamos da luta, para além do que nos ensinou, para além da competição. Compreende?
Posso garantir-lhe que me ensinou imenso, fez-me desenvolver capacidades que tinha ocultas ou subdesenvolvidas. Agradeço-lhe. E no entanto começo a duvidar, começo a achar que a competição não é suficiente. Pouco.
Agora. Agora? Agora já não é suficiente. Você, compreende?
Pensamentos líquidos 56
Esbarrei nisto – The devil came on horseback – num “movie review” do New York Times porque tinha a palavra Darfur. Não sei se é um bom documentário; no fundo, acho que nem sequer interessa. Interessa todos saberem o que se passa, serem obrigados a ver e a lidar com isso. Tem que ser impossível virar a cara para o outro lado e continuar a dormir descansado quando barbáries destas continuam a acontecer.
Baseia-se na experiência, relatos, fotografias de um ex-marine norte-americano que trabalhou como monitor em Darfur durante seis meses.
Sei, à partida, que é daqueles que provoca problemas de estômago e cria vontades de revolta, mas, ainda assim, vou pôr na minha lista de documentários a ir ver. Deve estrear, a tempo, em Portugal, ainda que eu não tenha localizado a sua calendarização nas minhas buscas.
Também sei que há outras iniciativas ainda em curso sobre Darfur. Parte das receitas do Ocean’s 13 reverteu para esta causa. E, com o agradecimento devido à Â pelo alerta, também um projecto da Amnistia Internacional – Make some noise for Darfur – com CDs à venda com música de John Lennon cantada por imensas pessoas, de entre as quais o Ben Harper!
a
Pensamentos líquidos 55
Tour de France – addenda
O meu blogger decidiu dizer que publicava os meus posts, mas não os publicar, de facto, no site, ainda que os disponibilizasse individualmente. O curioso desta situação é que dada a inconstância das coisas no Tour, quando finalmente o post “Tour de France” foi publicado o que dizia lá já não era verdade! É que ontem à noite o Rasmussen foi expulso pela sua equipa – a Rabobank – e já não é detentor da maillot jaune.
Pensamentos líquidos 54
Tour de France
Já escrevi demasiado sobre ciclismo por isso não me vou alongar muito. Já disse o importante, que mantenho. Há uma perseguição ao ciclismo e aos ciclistas. Que não é bem o mesmo que uma perseguição ao doping. Há também uma hipocrisia gritante nestes escândalos todos. Advogam um ciclismo “limpo” e continuam a insistir em provas desumanas.
Por isso tudo, não me venham dizer que estão no caminho certo nesta tentativa de incriminar todos os ciclistas… Sabem qual foi já o resultado, não sabem? O line-up deste tour era – sem desprimor para estes ciclistas –, mas era… patético. E só este line-up justifica que agora o camisola amarela seja Michael Rasmussen, um ciclista interessante mas que, novamente sem desprimor para ele, nunca ganharia um tour em condições normais. Dos primeiros dez, eu arriscaria dizer que só o Alberto Contador (2º) pode vir a ser um ciclista mais “excepcional” (e dos 24 anos que tem, só o futuro o poder provar); todos os outros são ciclistas interessantes mas não excepcionais. E só há uma razão para isto: conseguiram indiciar todos os ciclistas mais excepcionais que encontraram, enquanto vomitavam suspeitas de doping para todos os lados.
Muitos ciclistas continuam a defender a sua inocência (muito renitente em utilizar esta palavra porque provavelmente nem é disso que se trata) e muitos vieram afirmar que já se doparam durante a sua carreira. Agora tirem as vossas ilações…. o que me parece inegável é que não podem ser só os ciclistas a agir mal…
Apontamentos fugazes 48
«And when he got through I felt for the first time that there had really been a war and that the man I was listening to had been in it and that despite his bravery the war had made him a coward and that if he did any more killing it would be wide-awake and in cold blood, and nobody would have the guts to send him to the electric chair because he had performed his duty towards his fellow men, which was to deny his own sacred instincts and so everything was just and fair because one crime washes away the other in the name of God, country and humanity, peace will be with you all.»
Henry Miller, Tropic of Capricorn, Maio de 1939
Há tanto tempo e tudo igual…
Trivialidades 76
Seja o que for. Ilusionismo e brincar com as nossas falhas de observação. Magia, independentemente de ser “verdade” ou não. Jogos com a mente. As palavras são importantes, mas aqui deixemos o nome para segundo plano. O que me parece transversal a todas estas abordagens (?) é a elegância. Um savoir faire. Para uns suficiente, para outros não. Eu acho notável. Ardiloso, mas hábil. E elegante. Não posso (nem quero) negar que gosto de pensar que nalgumas destas coisas há uma mente muito bem trabalhada a funcionar.
Seja o que for. É normalmente interessante ver. Nem que seja pelo desafio. Ou para admirar a elegância. Seja o que for, mas importa quem é. E este senhor é muito elegante e perfeitinho a fazer o que faz. O Mindfreak Criss Angel…
…a andar sobre água numa piscina.
PS. Se vos interessar, procurem mais vídeos no youtube. Há imensos. Notem que o Criss já quebrou o record do Houdini em sair de um colete-de-forças.
Trivialidades 75
TUDO MENOS PERDER ASSIM!
Eu achava que o Nadal ia perder. E aceitei isso desde logo. Mas começo a ver o jogo e ele está a jogar mais ténis de relva do que eu espero e o Federer a cometer erros estúpidos que eu não espero. E eu comecei a achar que assim o Rafa não devia perder. E irritou-me. Irritou-me muito. Porque uma pessoa que falha tanto como o Federer falhou ontem não merecer ganhar aquela final de Wimbledon.
Por isso, eu que tinha assumido, à partida, uma derrota do Nadal. Eu que reconheço que o Federer é o jogador de ténis mais interessante que me lembro de ver, ainda que o ache irritantezinho. Eu que vi o jogo ontem. Eu, fiquei irritadíssima. Porque o Federer ganhar quando se sai com aquelas pancadas de classe que tem e, sim, eu sei, tem as pancadas todas, eu aceito. Mas quando erra assim. NÃO.
Trivialidades 74
Concertos
Não vos vou falar do concerto dos Arcade Fire. Há coisas que não se dizem. Mas deixo-vos o que me alegrou uma noite de um dia estafante.
Scissors Sisters – Take your mama
Apontamentos fugazes 47
que vou começar uma revolução. For freedom. Querem juntar-se a mim?
[Arcade Fire - My body is a cage]
Trivialidades 73
Informa-se todos os frequentadores assíduos da minha agenda, que a mesma está com overbooking até ao final da semana. Não serão aceites novas marcações e não se garantem as já efectuadas. Mais se divulga que não está prevista qualquer forma de compensação ou indemnização.